Powell repete que é pouco provável que juros comecem a cair em março

Em entrevista ao programa 60 Minutes, o presidente do Fed disse que é preciso ponderar entre o risco de avançar demasiado cedo ou demasiado tarde, mas ele reconheceu que o momento está chegando

Roberto de Lira

Jerome Powell fala durante entrevista após reunião do Fomc (Kevin Dietsch/Getty Images)

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O  presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, disse neste domingo (4) que o momento de iniciar os cortes de juros nos Estados Unidos está chegando, mas que é pouco provável que isso aconteça na reunião de março do Fomc, o comitê de política monetária.

“Meus colegas e eu estamos tentando escolher o ponto certo para começar a reduzir a nossa posição de política restritiva. Penso que não é provável que esta comissão atinja esse nível de confiança a tempo da reunião de março, que será daqui a sete semanas”, disse em entrevista ao programa 60 Minutes, da rede de TV CBS.

Na entrevista, Powell reconheceu, como havia feito logo após a reunião do Fomc da semana passada, que a economia americana tem se apresentado forte, com crescimento a um ritmo sólido, e que a inflação está caindo mesmo com o mercado de trabalho ainda aquecido, com uma taxa de desemprego de 3,7%.

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Esses são os motivos, segundo ele, que permitem ao Comitê abordar cuidadosamente a questão de quando começar a reduzir as taxas de juro. “Queremos ver mais evidências de que a inflação está caindo de forma sustentável para 2%. Termos alguma confiança nisso. Nossa confiança está aumentando. Queremos apenas um pouco mais de confiança antes de darmos esse passo muito importante de começar a reduzir as taxas de juro”, explicou.

Sobre o melhor momento para iniciar a flexibilização, ele alertou que agir cedo demais pode fazer a inflação se estabilizar em algum ponto bem acima da meta de 2%. Por outro lado, agir tarde demais poderia facilmente pesar sobre a atividade econômica e sobre o mercado de trabalho, trazendo uma recessão.

“Temos de equilibrar o risco de avançar demasiado cedo ou demasiado tarde. E existem riscos diferentes. Achamos que a economia está em um bom lugar, que a inflação está caindo. Queremos apenas ganhar um pouco mais de confiança de que o valor está recuando de forma sustentável em direção ao nosso objetivo de 2%.”

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Sobre as condições que podem alterar a percepção do Fomc, ele disse que, se a economia enfraquecer, os juros podem ser reduzidos mais cedo “e talvez mais rapidamente”. Por outro lado, se a inflação se provar mais persistente, isso poderá exigir que as taxas sejam reduzidas tarde e, talvez, mais lentamente. “Então, isso realmente dependerá dos dados recebidos, pois isso afeta as perspectivas.”