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Em reunião com clientes institucionais da XP, especialistas discutiram as perspectivas para a política monetária brasileira nos próximos meses, com foco na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) que será a última de 2025. A expectativa, conforme destacado em relatório, é de que a taxa Selic seja mantida em 15% ao ano até o final deste ano, conforme consenso entre economistas da XP e da Santander Asset Management.
Segundo Eduardo Jarra e Luciano Rais, da Santander Asset, e Rodolfo Margato, da XP, o Copom deve adotar uma postura cautelosa, mantendo a Selic mesmo diante de sinais de desaceleração da inflação. Desde junho, o Banco Central tem sinalizado que a taxa permanecerá em níveis elevados por “período bastante prolongado”, adotando uma estratégia de “esperar para ver” os dados econômicos antes de qualquer ajuste.
O cenário atual é considerado positivo, com desaceleração da atividade econômica e inflação controlada, mas o início do ciclo de cortes nos juros ainda gera debate. A maioria dos especialistas aposta que o primeiro corte ocorrerá em março de 2026, com redução de 0,50 ponto percentual, embora a possibilidade de flexibilização já em janeiro não esteja descartada.
Para a XP, com fatores como a inflação ainda acima da meta, o mercado de trabalho aquecido e o período eleitoral, que pode trazer estímulos fiscais, a recomendação é de cautela e de um início mais tardio para o afrouxamento monetário. Além disso, a saída de membros mais conservadores do Banco Central adiciona incertezas ao processo decisório.
O ambiente político pós-eleições de 2026 será crucial para definir a extensão do ciclo de cortes, que pode variar entre 2,00 e 3,00 pontos percentuais, segundo Luciano Rais. O câmbio também é apontado como risco relevante, já que juros elevados funcionam como proteção contra volatilidades externas, e cortes prematuros poderiam enfraquecer essa defesa.
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Outro fator externo importante é o movimento do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, cujo início dos cortes nos juros deve influenciar as decisões do Copom. No campo dos riscos financeiros, destaca-se o aumento do valuation das empresas ligadas à inteligência artificial e o crescimento do mercado de crédito nesse setor, que podem representar desafios futuros.
A projeção da XP indica um ciclo de afrouxamento composto por seis cortes consecutivos de 0,5 ponto percentual, iniciando em março de 2026, até que a Selic atinja 12% ao ano.
