Mundo desperdiça 1 bilhão de refeições por dia, enquanto 783 milhões passam fome

Relatório de programa da ONU diz que planeta gera 132 quilos per capta de resíduos alimentares, o que também prejudica a sustentabilidade; custo do desperdício na economia global é estimado em cerca de US$ 1 bilhão

Roberto de Lira

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As famílias em todos os continentes desperdiçaram mais de 1 bilhão de refeições por dia em 2022, enquanto 783 milhões de pessoas foram afetadas pela fome e um terço da humanidade enfrentou insegurança alimentar. O custo da perda e do desperdício de alimentos na economia global é estimado em cerca de US$ 1 bilhão.

Os dados foram divulgados hoje num relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), elaborado em parceria com a ONG WRAP, para marcar o Dia Internacional do Desperdício Zero, que será comemorado no dia 30 de março.

O estudo mostra que, em 2022, foram gerados 1,05 bilhão de toneladas de resíduos alimentares (incluindo partes não comestíveis), totalizando 132 quilos per capita e quase um quinto de todos os alimentos disponíveis aos consumidores. Do total de alimentos desperdiçados em 2022, 60% ocorreram em nível familiar, sendo os serviços de alimentação responsáveis por 28% das perdas e o varejo por 12%.

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Apenas quatro países do G20 (Austrália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos) e a União Europeia têm estimativas de desperdício alimentar adequadas para acompanhar o progresso até 2030. O Canadá e a Arábia Saudita têm estimativas familiares adequadas, enquanto a estimativa do Brasil é esperada para o final de 2024.

O estudo cita que a quantidade média anual de perda e desperdício de alimentos no Brasil é desconhecida, mas que há estimativas variando de 23 milhões de toneladas a 82,1 milhões de toneladas.

Os dados confirmam que o desperdício alimentar não é apenas um problema dos países ricos. Os níveis de desperdício alimentar doméstico dos países de rendimento elevado e de renda média-alta e média-baixa tem divergência de  apenas 7 kg per capita.

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Outra constatação é que os países de clima mais quentes parecem gerar mais desperdício alimentar per capita nos agregados familiares, potencialmente devido ao maior consumo de alimentos frescos e à falta de cadeias de frio robustas.

De acordo com dados recentes, a perda e o desperdício de alimentos geram 8% a 10% das emissões anuais globais de gases com efeito de estufa (GEE) – quase cinco vezes mais do que o setor da aviação. Também causam uma perda significativa de biodiversidade, ao absorverem o equivalente a quase um terço da produção agrícola mundial.

“O desperdício de alimentos é uma tragédia global. Milhões passarão fome hoje, à medida que os alimentos são desperdiçados em todo o mundo”, disse em nota Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA.