Líder do partido de extrema-direita AfD defende saída da Alemanha da UE

Alice Weidel confirmou ao FT que seu partido fará um referendo similar ao do "Brexit" caso chegue ao poder; o AfD tem sido alvo de protestos após divulgação de plano de deportações em massa

Roberto de Lira

Bandeira da Alemanha (Foto: Getty Images)
Bandeira da Alemanha (Foto: Getty Images)

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Em meio a críticas e a manifestações a favor da democracia que reuniram centenas de milhares de pessoas no último final de semana, Alice Weidel, líder do partido de extrema direita da Alemanha AfD, defendeu que o país tenha um referendo para votar uma proposta de saída da União Europeia, processo chamado de “Dexit”.

Em entrevista o jornal Financial Times, Weidel disse que o modelo adotado pelo Reino Unido em 2016 (o ‘Brexit”) deve ser seguido pelo maior membro da aliança europeia. “É um modelo para a Alemanha, em que um país pode tomar a decisão soberana de sair”, disse, confirmando que fará campanha por uma votação desse tipo se o partido chegar ao poder.

Esse foi um dos primeiros pronunciamentos públicos do partido desde o início de uma onda de protestos em todo o país contra o AfD, desencadeada após ter sido divulgado que o partido fez parte uma reunião em que apresentou um plano para deportações em massa de estrangeiros e outros cidadãos com passaporte alemão. No encontro, havia também lideranças neonazistas.

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Weidel disse que o partido quer apenas usar as própria leis alemãs para repatriar pessoas que não devem estar na Alemanha. “A AfD é o partido que pretende reforçar as leis do país”. Oficialmente, o partido classificou a reunião como privada e não uma reunião oficial do partido.

Defesa da democracia

Desde a última sexta-feira, foram registradas grandes manifestações contra as propostas do AfD em todo a Alemanha, algumas sendo interrompidas por reunirem mais gente do que o previsto.

No domingo, 100 mil pessoas compareceram em Berlim, outras 100 mil em Munique, 75 mil em Colônia e 45 mil em Bremen, segundo dados oficiais. A marcha de Munique foi cancelada pelos próprios organizadores por razões de segurança.

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Mas o partido de Weidel está vivendo seu momento de maior popularidade na Alemanha desde a sua formação, em 2013. Nos estados alemães mais a leste, o partido tem obtido uma popularidade de cerca de 30% em sondagens eleitorais, ultrapassando em certos locais os principais partidos alemães, como o SPD, de Olaf Scholz, e o CDU, de Angela Merkel.