Jacinda Ardern alega estar “sem energia” e renúncia ao cargo de primeira-ministra da Nova Zelândia

Política foi reconhecida como uma das maiores lideranças globais no combate à covid-19; ela alegou mais motivos pessoais para a saída

Roberto de Lira

Jacinda Ardern (Foto: Phil Walter/Getty Images)

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A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, surpreendeu hoje o mundo e até a classe política de seu país ao anunciar que está renunciando ao cargo, que ocupa desde 2017. Embora exista muita especulação sobre os motivos que levaram ao pedido, em entrevista coletiva ela alegou mais fatores pessoais do que políticos.

“Estou saindo porque, com um papel tão privilegiado, vem a responsabilidade. A responsabilidade de saber quando você é a pessoa certa para liderar e também quando não é. Eu sei o que este trabalho exige. E sei que não tenho mais o suficiente no tanque para fazer justiça. É simples assim”, afirmou.

Ardern disse que refletiu durante as férias de verão se tinha energia para continuar no papel de primeira-ministra e concluiu que não. “Eu sou humana, os políticos são humanos. Damos tudo o que podemos pelo tempo que pudermos. E para mim, está na hora”, disse.

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Seu mandato como primeira-ministra terminará até 7 de fevereiro, mas ela continuará como deputada até as eleições deste ano, marcadas para outubro.

Ardern se tornou a chefe de governo mais jovem do mundo quando foi eleita primeira-ministra 37 anos. Ela liderou o país durante a pandemia de covid-19 – tornando-se assim numa figura-chave entre os políticos globais na crise sanitária, atraindo também muitas críticas e ataques pessoais de negacionistas da doença.

Ela também foi considerada um exemplo de liderança e empatia em crises como o terrorista a duas mesquitas em Christchurch e durante uma erupção vulcânica na ilha.

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“Estes foram os cinco anos e meio mais gratificantes da minha vida. Mas também teve seus desafios – entre uma agenda focada em habitação, pobreza infantil e mudança climática, encontramos um evento de terror doméstico, um grande desastre natural, uma pandemia global e uma crise econômica”, listou ela em seu discurso.

Sobre comentários de que o desgaste com ataques pessoais a sua conduta na pandemia ou a má posição de seu Partido Trabalhista nas pesquisas eleitorais sejam o principal motivo da renúncia, a Ardern minimizou esses fatos. “Não quero deixar a impressão de que a adversidade que você enfrenta na política é a razão pela qual as pessoas saem. Sim, tem impacto. Afinal, somos humanos, mas essa não foi a base da minha decisão”, afirmou.

A primeira-ministra demissionária disse que hoje não tinha planos futuros, além de passar mais tempo com sua família. Ela afirmou que está ansiosas por acompanhar sua filha Neve no início da escola – ela teve o bebê ainda no início do mandato, em 2018 – e promete que vai “finalmente” se casar com o companheiro Clarke Gayford. Ela disse ainda que os dois foram as pessoas “que mais se sacrificaram de todos nós.”

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(Com agências)