Inflação medida pelo IPCA sobe 4,52% em 2020, acima do centro da meta e do esperado pelo mercado

A expectativa, segundo consenso da Refinitiv, era de alta de 1,21% em dezembro na comparação com novembro e de variação positiva de 4,38% em 2020

Equipe InfoMoney

(AndreyPopov/Getty Images)

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SÃO PAULO – O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como a inflação oficial do Brasil e como parâmetro para a política monetária do Banco Central, subiu 4,52% em 2020, informou nesta terça-feira (12) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com isso, o número ficou acima do centro da meta de 4% definida pelo Conselho Monetária Nacional (CMN), mas ainda dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Ou seja, o limite inferior de 2,5% e o superior, de 5,5%. Foi a maior alta do índice desde 2016, quando o índice subiu 6,29%.

Já o indicador de dezembro, que foi divulgado junto com o acumulado do ano, acelerou para 1,35%, a variação mais intensa desde fevereiro de 2003 (1,57%) e a maior para um mês de dezembro desde 2002 (2,10%).

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A expectativa, segundo consenso da Refinitiv, era de alta de 1,21% em dezembro na comparação com novembro e de variação positiva de 4,38% em 2020.

No ano passado, a alta de 14,09% nos preços de alimentos e bebidas pesou no bolso dos brasileiros. O gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, explica que esse crescimento, o maior desde 2002 (19,47%), foi provocado, entre outros fatores, pela demanda por esses produtos, a alta do dólar e dos preços das commodities no mercado internacional. Foi um movimento global de alta nos preços dos alimentos, num ano marcado pela pandemia de Covid-19.

Os preços do óleo de soja (103,79%) e do arroz (76,01%) dispararam no acumulado do ano passado. Outros itens importantes na cesta das famílias também tiveram altas expressivas, como o leite longa vida (26,93%), as frutas (25,40%), as carnes (17,97%), a batata-inglesa (67,27%) e o tomate (52,76%).

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Segundo Kislanov, a inflação também foi puxada pela habitação (5,25%), cuja alta foi influenciada pelo aumento da energia elétrica (9,14%). Os artigos de residência também pesaram mais, por conta do efeito dólar sobre os preços dos eletrodomésticos, equipamentos e artigos de TV, som e informática. Em conjunto, alimentação e bebidas, habitação e artigos de residência responderam por quase 84% da inflação de 2020.

Já os transportes, segundo maior peso na composição do indicador, fecharam o ano com alta de 1,03%. “Tivemos quedas fortes, em abril e maio, por conta do preço da gasolina, que fechou o ano em queda (-0,19%), apesar das seis altas consecutivas de junho e dezembro. As passagens aéreas tiveram uma queda de 17,15% no acumulado ano, ajudando a puxar o resultado para baixo”, diz.

O único grupo a apresentar variação negativa, observa o gerente do IPCA, foi vestuário (-1,13%). “Por conta do isolamento social, as pessoas ficaram mais em casa, o que pode ter diminuído a demanda por roupas. Tivemos quedas em roupas femininas (-4,09%) e masculinas (-0,25%) e infantis (-0,13%), calçados e acessórios (-2,14%). A única exceção foram joias e bijuterias (15,48%), por causa da alta do ouro”, explica.

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Em 2020, a alta dos preços foi generalizada em todas as 16 localidades pesquisadas pelo IBGE. O município de Campo Grande (6,85%) teve a maior variação do ano, por conta das carnes e da gasolina. Em seguida, foi Rio Branco (6,12%), Fortaleza (5,74%), São Luís (5,71%), Recife (5,66%), Vitória (5,15%), Belo Horizonte (4,99%) e Belém (4,63%), todas acima da média nacional (4,52%).

Já o menor índice ficou com Brasília (3,40%), onde pesaram as quedas nos preços das passagens aéreas (-20,01%), dos transportes por aplicativo (-18,71%), dos itens de mobiliário (-7,82%) e de hospedagem (-6,26%).

Em dezembro, maior alta desde 2003

Em dezembro, a inflação acelerou para 1,35%, acima da registrada em novembro (0,89%). É a maior variação mensal desde fevereiro de 2003, quando o indicador foi de 1,57%, e o maior índice para um mês de dezembro desde 2002 (2,10%). Em dezembro de 2019, a variação havia ficado em 1,15%.

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Pedro Kislanov observa que, no mês, todos os grupos pesquisados tiveram alta, mas o destaque ficou com habitação (2,88%), devido ao aumento de 9,34% na energia elétrica. “Em dezembro, passou a vigorar no país a bandeira tarifária vermelha patamar 2, com acréscimo de R$ 6,243 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Além disso, houve reajustes tarifários em Rio Branco e Porto Alegre”, explica.

A segunda maior contribuição veio de alimentação e bebidas (1,74%), apesar da desaceleração frente ao mês anterior (2,54%). Houve queda nos preços do tomate (-13,46%) e altas menos intensas nas carnes (3,58%), no arroz (3,84%) e no óleo de soja (4,99%). Por outro lado, os preços das frutas subiram de 2,20% para 6,73%.

Outro destaque foi o grupo transportes (1,36%), com variação próxima a de novembro (1,33%). Os demais ficaram entre o 0,39% de comunicação e o 1,76% de artigos de residência.

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Entre os locais pesquisados, a maior inflação de dezembro foi registrada no município de São Luís (2,18%), puxada pela alta de 11,30% no preço das carnes. Já o menor resultado ficou com o município de Aracaju (0,91%), por conta da queda nas mensalidades dos cursos regulares (-0,78%) e nos preços de alguns produtos alimentícios, como o queijo (-6,33%) e o tomate (-6,04%).

INPC acima do IPCA

O IBGE também divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação entre as família com menor rendimento, encerrou 2020 com alta de 5,45%, acima dos 4,48% de 2019. Em dezembro, o INPC acelerou para 1,46%, frente a alta de 0,95% registrada em novembro. Foi o maior resultado para o mês de dezembro desde 2002, quando o índice ficou em 2,70%. Em dezembro de 2019, a taxa foi de 1,22%.

Pedro Kislanov observa que INPC ficou acima do IPCA, tanto no acumulado do ano quanto na comparação mensal. “Isso é explicado, em grande medida, pelo peso de alimentação e bebidas na cesta de produtos e serviços das famílias, que é maior no INPC do que no IPCA. Habitação também tem peso maior, especialmente por causa da energia elétrica”.

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O INPC é calculado com base em famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos, sendo o chefe assalariado, em dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília. Já o IPCA abrange famílias que ganham até 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte.

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