77% dos lares brasileiros possuem dívidas e cartão de crédito lidera, diz pesquisa

Parcela de pessoas que têm como fonte principal de dívida o cartão passou de 49% em 2021 para 56% no ano passado e alcançou 60% em 2023

Roberto de Lira

Ilustração (Getty Images)
Ilustração (Getty Images)

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Ao menos 77% dos lares brasileiros têm pessoas com dívidas e 30% desse universo estão com alguma dívida atrasada. A parcela de pessoas que têm como fonte de dívida especialmente o cartão de crédito aumentou e a maior parte dos endividados têm consciência de que falhas no planejamento financeiro originaram os débitos em atraso. Mas o otimismo em relação à saída da inadimplência cresceu. Essas são algumas das conclusões do estudo “Raio X da Inadimplência Brasileira”, divulgado nesta quinta-feira (7) pela MFM Tecnologia e o Instituto Locomotiva.

A pesquisa anual, que revela a situação e o comportamento dos brasileiro inadimplentes, incluiu neste ano perguntas sobre o programa Desenrola Brasil, lançado pelo governo federal para renegociar dívidas. Ele recebeu o apoio da maioria das pessoas, mas o grau de conhecimento pleno das regras ainda é baixo.

Segundo o estudo, tem aumentado a parcela de pessoas que dizem ter como fonte principal de dívida o cartão de crédito. Essa fatia subiu de 49% em 2021 para 56% no ano passado e alcançou 60% em 2023.

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Já os que citam como principais as dívidas de empréstimos e financiamentos com bancos e financeiras tinham caído de 45% para 40% entre 2021 e 2022, mas voltaram a crescer, para 43% em 2023.

Foram citados ainda neste ano contas de águas e luz (17% das respostas)  e boletos de impostos, como IPTU e IPVA (15%), entrou outros.

Sobre os principais motivos para a inadimplência percebidos pelos brasileiros, a falta de planejamento das finanças pessoais (36%), a perda do emprego (31%) e gastos imprevistos com saúde (30%) apareceram entre os mais lembrados.

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A pesquisa também mostrou que cresceu o otimismo em relação à saída da inadimplência. Neste ano, 39% dos brasileiros inadimplentes disseram ter certeza de que conseguirão pagar suas dívidas – em 2022 esse percentual era de apenas 25%

Economizar foi citada como a principal forma por meio da qual os endividados consideram que conseguirão pagar as contas, mas cresceu a parcela dos que disseram já ter se estabilizado financeiramente.

Educação financeira

O estudo mostrou ainda que 59% dos endividados consideram que o acesso a informações de qualidade sobre educação financeira impactara muito em sua qualidade de vida financeira. E 41% acham que o acesso a serviços públicos gratuitos, como creches com horário estendido e mais próximas de suas casas ou do trabalho traria mais impacto positivo na vida financeira.

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Sobre os círculo de convivência que influenciam na vida financeira, a pesquisa captou que cresceu a percepção de que as redes sociais exercem “má influência” sobre esse tipo de decisão.  Quando convidados a responder quem mais incentiva um mau comportamento financeiro, 23% dos endividados responderam que eram as redes sociais – no ano passado esse percentual era de 16%.

Os programas de TV aparecem em segundo lugar, com 13% das respostas, seguidos por “amigos”, com 11%.

Por outro lado, o cônjuge (marido ou esposa) apareceu em primeiro lugar (27% das respostas) na lista de quem incentiva um bom comportamento. Curiosamente, as redes sociais ficaram em segundo lugar, com 17% das menções.

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Os inadimplentes também citaram que uma situação de dívida atrasada tem forte efeito em sua vida pessoal: 92% acreditam que impacta negativamente na vida de forma geral; 86% citam impacto negativo no sono; e 98% Acreditam que o fato de estar endividado impacta negativamente ao menos em um aspecto da vida.

Além disso, 88% disseram que essa condição afeta sua felicidade, 80% veem piora na convivência com os amigos, 75% alegaram problemas com o apetite e 78% admitiram que há reflexos negativos na vida amorosa.

Boa parte desses efeitos estão ligados à forma como a cobrança das d´vidas é feita pelos credores. A pesquisa apontou que tem crescido a queixa de pessoas que se dizem desrespeitadas no momento de cobrança do débito.

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Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, comentou em entrevista coletiva que as empresas que souberem acolher esses brasileiros durante o processo de cobrança e renegociação, vão se favorecer quando esses inadimplentes recuperarem a condição de tomadores de crédito.

Desenrola

Sobre o Desenrola, a maioria dos inadimplentes da pesquisa tomou conhecimento do programa e aprova a iniciativa, mas ainda falta um grau maior de conhecimento.

Ao dar uma nota de 0 a 10 sobre a confiança que o Desenrola pode ajudar na vida financeira dos brasileiro, 49% das respostas ficaram entre 9 e 10 e outros 32% apontaram entre 6 e 8.

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Mas embora 76% dos respondentes ter afirmado conhecer o programa, só 17% admitiram disseram que o conhecem muito bem. Um dado importante é que 57% dos inadimplentes não sabem se suas dívidas podem ou não ser contempladas pelo programa Desenrola Brasil.