IBGE constata melhora na qualidade de vida e bem-estar do brasileiro entre 2008 e 2018

Indicadores de desenvolvimento econômico e de perda de qualidade de vida, no entanto, mostraram que desigualdade permaneceu

Roberto de Lira

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A qualidade de vida e bem-estar da população brasileira aumentaram entre 2008 e 2018, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice de Desempenho Socioeconômico (IDS) cresceu 12,8% nesse período, passando dos 5,452, calculados a partir Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) feita entre 2008 e 2009, para 6,147, no levantamento realizado entre 2017 e 2018.

Já o Índice de Perda de Qualidade de Vida (IPQV) recuou quase 30%, de 0,227 para 0,157, nesse período de quase dez anos. No caso desse indicador, quanto menor o índice, menor a perda de qualidade de vida.

De acordo com o IBGE, todas as Unidades da Federação tiveram incrementos no desenvolvimento econômico, sendo que os maiores foram observados em Roraima (32%), e Sergipe (25,8%) e os menores no Rio Grande do Sul (9,1%) e no Rio de Janeiro (5,6%).

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Em 2017-2018, considerando as aquisições não monetárias de serviços, os maiores IDS foram registrados no Distrito Federal (6,981) e São Paulo (6,878), e os menores no Maranhão (4,909) e Pará (5,108).

Segundo essa última POF, as categorias de Educação e Acesso aos Serviços Financeiros foram as que tiveram mais importância na composição do total dos efeitos marginais no IDS observado para o Brasil, com percentuais em torno de 19%.

Moradia representou 16,1% e Acesso aos Serviços de Utilidade Pública e Saúde e Alimentação ficaram com cerca de 14% do total dos efeitos marginais observados no IDS. Os efeitos marginais indicam como uma categoria impacta negativamente para o crescimento do índice.

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Desigualdade social

Pelo IPQV, é possível identificar que a desigualdade social permaneceu forte: o índice em 2017-2018 foi de 0,183 quando a pessoa de referência da família era preta ou parda, enquanto chegou a 0,122 quando ela era branca. Outras desigualdades foram verificadas nas famílias com crianças e, ainda, considerando-se o sexo, o nível de instrução e os rendimentos da pessoa usada como referência.

Quando a pessoa de referência da família era mulher, o IPQV foi maior nas duas edições da pesquisa. Assim como no critério de cor ou raça, também houve redução no valor de perda de qualidade entre os quase dez anos.

Nesse período, aumentou o número de famílias em que a pessoa de referência era mulher e, por isso, a contribuição dessa população para o IPQV passou de 28,2% para 43%. Como as famílias que tinham um homem como pessoa de referência eram maioria no país, esse grupo contribuiu com mais de 50% do valor do IPQV total.

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A pesquisa também constatou que as perdas na qualidade de vida caem à medida que aumenta a idade da pessoa de referência. Nas famílias em que a pessoa de referência tinha 65 anos ou mais, os valores para o IPQV foram menores que os dos demais grupos de idade.

O índice também mediu a perda de qualidade vida quando há criança na família. Em ambas as edições da pesquisa, o IPQV era maior quando a família era composta por mais de um adulto com ao menos uma criança. O valor nesse caso ficou acima do estimado para o total do país.

Outra observação da pesquisa é a de que quanto maior era o nível de instrução da pessoa de referência da família, menores as perdas representadas pelo indicador. Quando a pessoa de referência não tinha instrução, o IPQV calculado foi de 0,253, maior que o valor observado para o total do país (0,157).

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Já quando a pessoa de referência tinha nível superior completo, esse valor foi de 0,074, muito menor que o valor de referência nacional, a partir de dados da POF 2017-2018.