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Ainda que os dados do Payroll de outubro possam ter sido “contaminados” por eventos pontuais como um furacão e greves nos Estados Unidos, é visível que o mercado de trabalho americano manteve a tendência de desaceleração no mês, o que permitirá ao Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) optar pelo gradualismo em seu ciclo de corte de juros.
Os economistas acreditam que a decisão da reunião do Fomc será de um corte de 0,25 ponto percentual na semana que vem, após a autoridade monetária ter começado o ciclo reduzindo as taxas em 50 pontos base na última reunião.
Para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, o mercado de trabalho dos EUA, uma vez que não o Payroll divulgado hoje mostrou uma queda no número de vagas criadas, de 223 mil em setembro para 12 mil em outubro (bem abaixo do esperado), como outro relatório divulgado nesta semana (Jolts) mostrou que as vagas em aberto também estão diminuindo.
“Devido à perda de fôlego do mercado de trabalho e à inflação controlada, acreditamos que o Federal Reserve deve prosseguir o ciclo de afrouxamento monetário, promovendo um corte de 0,25 ponto percentual na reunião da próxima semana”, estima.
Francisco Nobre, economista da XP, afirma que é difícil atribuir muito peso ao relatório de hoje, tanto pela volatilidade de curto prazo, como pelas constantes e expressivas revisões dos dados. Mas ele diz que a observação da média móvel de 3 meses, que limpa a volatilidade de curto prazo, mostra uma geração líquida de empregos de 104 mil vagas.
“Bastante em linha com o que o Fed considera um equilíbrio no mercado de trabalho, de uma geração que oscile entre 80 mil e 100 mil”, explica.
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Mas ele alerta para outra métrica dentro do Payroll: o crescimento salarial, que veio mais forte do que as expectativas, com uma variação de 0,37%. Em 12 meses, a variação é de 3,99%, acima do patamar entre 3% e 3,% que o Fed gostaria de ver.
Esse número do Payroll consolidou a visão de que o Fed vai cortar a taxa de juros em 0,25 p.p. Foi o último dado importante divulgado antes da reunião e não foi ruim o suficiente para provocar uma reavaliação muito intensa do corte”, comenta Nobre.
Sobre as próximas reuniões, a XP espera outro corte de 25 pontos base em dezembro e depois uma estratégia alternada de manutenção de cortes do mesmo nível ao longo de 2025. Com isso, a taxa fina do ano que ficaria em 3,5%, um juro considerado neutro por analista e economistas.
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Na opinião de Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil os resultados de outubro e as revisões dos meses anteriores mostram que o mercado de trabalho americano segue em ritmo de desaceleração.
“Mesmo que o número de criação de emprego tenha sido influenciado pelos eventos climáticos do mês, o resto dos indicadores sugere que o mercado continua em trajetória gradual de descompressão”, comenta.
Ele também acredita que isso deve dar conforto suficiente para o Federal Reserve continuar reduzindo os juros nas próximas reuniões, mas num ritmo menor (de 25 pontos base) do que foi o primeiro corte (de 50 pontos base).
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Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, por sua, destaca que, sem considerar as greves e as demissões de trabalhadores temporários, o número de outubro teria se aproximado da projeção dos analistas de 100 mil vagas.
“Não considero essa criação de empregos mais fraca um problema significativo, pois o BLS detalha o impacto das greves. No entanto, muitos podem ignorar esses detalhes e interpretar erroneamente os dados. Para as próximas reuniões do Banco Central dos EUA, acredito que isso não terá grande impacto. É provável que mantenham o corte de 0,25% na próxima semana e em dezembro.”
Cruz adverte que o que de fato poderá influenciar as decisões do Fed será a eleição nos EUA. “Além disso, os dados mostram que o aumento do desemprego afetou principalmente pessoas com maior escolaridade. Mas a taxa ainda é baixa, subindo de 2,3% para 2,5% entre graduados. Portanto, não há motivo para alarme. Os dados são mais complexos do que aparentam”, diz.
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Para Seema Shah, estrategista-chefe global da Principal Asset Management, os mercados provavelmente podem deixar o relatório de empregos de outubro de lado. “Claramente, o furacão teve um impacto pesado nos números, obscurecendo o quadro da força do mercado de trabalho e, portanto, não deve impactar a trajetória da taxa básica de juros do Fed”, opina.
Para ela é nítidos que há um mercado de trabalho fundamentalmente desacelerando. “A previsão de consenso para um aumento de 100.000 nas folhas de pagamento já estava levando em consideração o efeito do furacão, então a surpresa negativa significativa indica fraqueza subjacente”, afirma.
Ela também acredita que o Fed deve persistir com seu ciclo de flexibilização, mesmo diante de dados surpreendentemente fortes de atividade econômica nas últimas semanas. “Um corte de 25 bps em novembro e dezembro está nos planos”, prevê.
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Já Lara Castleton, líder de estratégia de portfólio nos EUA da Janus Henderson, disse que o relatório de hoje foi “pouco animador e confuso”, com os efeitos dos furacões tornando os resultados decepcionantes.
“Os mercados procuravam um sinal claro, e esse relatório não foi suficiente. É provável que ele não influenciem muito os resultados da próxima semana nem o corte da taxa de juros do Fed ainda neste mês, que provavelmente será de 0,25 ponto percentual nesse cenário”, afirma.