Exportações brasileiras de algodão atingem recorde em meio à guerra comercial

Além da disputa comercial entre EUA e China, o câmbio também foi um fator importante

Bloomberg

Na safra 2022/23, a área plantada de algodão da SLC superou 162 mil hectares

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(Bloomberg) — As exportações brasileiras de algodão aumentaram 42% em uma temporada recorde puxadas pela China, que optou pelos produtos do Brasil diante da guerra comercial com os Estados Unidos.

Além da disputa comercial, o câmbio também foi um fator importante. O real perdeu quase 9% em relação ao dólar desde meados de julho, tirando a competitividade dos produtos dos EUA. O algodão se une à soja e ao milho entre as exportações agrícolas brasileiras que mais crescem para a China e que ganham mercado dos EUA, principal rival.

No início deste mês, o presidente Donald Trump deve ter deixado autoridades da Argentina e do Brasil perplexas quando anunciou no Twitter planos para impor novas tarifas sobre o aço, alegando que esses países estavam desvalorizando artificialmente suas moedas. O tuíte destacou o quanto o dólar forte tem afetado os agricultores americanos.

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“O Brasil teve safras gigantes, e essas exportações maiores eram necessárias”, disse por e-mail Elcio Bento, analista da consultoria Safras & Mercado. “Em 2020, a previsão é de outra grande safra.”

Desde o início da temporada em julho, o Brasil exportou 1,06 milhão de toneladas de algodão, acima do recorde anterior de 748 mil toneladas em 2018, segundo dados do governo compilados pela Safras.

O Departamento de Agricultura dos EUA disse em relatório neste mês que a China passou a comprar produtos do Brasil para reabastecer as reservas estatais, deixando de lado exportadores tradicionais.

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Comerciantes do setor privado da China também “optaram por originar do Brasil devido às altas tarifas retaliatórias sobre o algodão americano”, afirmou o USDA. O Brasil se beneficiou da “crescente aceitação” da qualidade de seu algodão, informou a agência.

Em outubro, as exportações brasileiras para China, Vietnã, Bangladesh, Indonésia e Turquia ultrapassaram as dos EUA, o maior exportador mundial, informou o USDA.

O Brasil planeja ganhar mais mercados para compensar o alívio das tensões comerciais entre os EUA e a China, disse em mensagem de texto Marco Antonio Aluisio, vice-presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (ANEA).

“Os EUA são a origem preferida devido à sua variedade de qualidades disponíveis, confiabilidade e pontualidade de entrega e informações de classificação verificáveis pelo USDA para cada fardo adquirido”, disse por e-mail Louis Rose, diretor de pesquisa e análise do Rose Commodity Group em Memphis, Tennessee.

Ainda assim, “as vendas brasileiras para a China podem seguir fortes” já que o país asiático está aumentando suas reservas, disse Rose.

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