Conflito no Oriente Médio eleva atenção a preços do petróleo e do dólar, diz Galípolo

Galípolo disse que o país tem atualmente alguns desafios, sendo o primeiro lidar com o cenário internacional

Reuters

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, durante reunião (Foto: Washington Costa/Ascom/MF)

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SÃO PAULO (Reuters) -O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta terça-feira que o conflito entre Israel e Hamas acentua a atenção da autarquia quanto ao preço do petróleo e à cotação do dólar.

Falando em evento da agência Moody´s em São Paulo, Galípolo afirmou que o comportamento da inflação vem se revelando mais benigno no Brasil, mas destacou haver preocupação com o impacto do dólar sobre a política monetária.

Uma das preocupações, segundo o diretor, é se o conflito entre Israel e Hamas vai extrapolar para algo mais global. Para ele, o Brasil tem atualmente alguns desafios, sendo que o primeiro é justamente como lidar com o cenário internacional.

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O diretor do BC afirmou que o cenário externo vem sendo “predominante” desde agosto e citou as elevações recentes dos rendimentos dos Treasuries, que tiveram impactos sobre o mercado brasileiro.

“Quando olho para o patamar que está na Treasury, na média histórica não está tão fora — mais forte é o movimento e o diferencial da ponta curta para ponta longa (da curva de juros)”, avaliou, em relação às taxas dos títulos norte-americanos.

“O cenário é de que, quando os EUA começam a pagar 4,60%, 4,70% (de taxa), a situação para emergentes começa a ficar mais difícil”, acrescentou.

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Galípolo ressaltou que, para fins da política monetária, o principal ponto de transmissão do cenário externo se dá pelo câmbio.

DESAFIO FISCAL

Galípolo também afirmou que estão claros a dificuldade e os desafios para que o governo consiga atender à meta de resultado primário zero em 2024, e pontuou que o ceticismo do mercado já se reflete nos preços dos ativos.

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Questionado a respeito da possibilidade de se limitar a 12 o número de parcelas sem juros em compras no cartão de crédito e de se estabelecer um teto para a tarifa cobrada no uso das “maquininhas”, Galípolo esclareceu que o BC não apresentou propriamente uma proposta sobre isso em encontro de segunda-feira com representantes do setor.

“O que aconteceu foi uma tentativa de reunir atores ao redor da mesa para produzir solução para a questão”, disse ele.

Galípolo participou de painel no evento “Inside LatAm: Brasil 2023”, promovido pela agência Moody’s em São Paulo nesta terça-feira.