China faz relatório crítico sobre os EUA e diz que país usurpa o papel de ‘professor de democracia’

Documento oficial diz que há um ciclo vicioso nos EUA de pretensões democráticas, política disfuncional e sociedade dividida

Roberto de Lira

(Shutterstock)

Publicidade

No mesmo dia em que o presidente chinês Xi Jinping inicia uma visita de três dias à Rússia, na qual tem diversos encontros agendados com Vladimir Putin, o Ministério de Relações Exteriores da China divulgou um extenso e crítico relatório sobre o estado da democracia nos Estados Unidos.

Segundo o documento, apesar dos problemas crescentes em casa, os EUA continuaram a se comportar “com senso de superioridade, apontar o dedo para os outros, usurpar o papel de ‘professor de democracia’ e a reproduzir a falsa narrativa de ‘democracia versus autoritarismo’”.

No preâmbulo do documento oficial, o governo chinês afirma que, no ano passado, continuou nos EUA o ciclo vicioso de pretensões democráticas, política disfuncional e de uma sociedade dividida. O ministério cita entre os problemas a política monetária, a política de identidade, as divisões sociais e o abismo entre ricos e pobres.

Ebook Gratuito

Como analisar ações

Cadastre-se e receba um ebook que explica o que todo investidor precisa saber para fazer suas próprias análises

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

“As doenças que afligem a democracia americana infectaram profundamente as células da política e da sociedade dos EUA e revelaram ainda mais o fracasso da governança e os defeitos institucionais dos EUA”, diz o relatório.

Citando reportagens de jornais americanos e opiniões de “think tanks” locais, os chineses argumentam que, dois anos após os distúrbios do Capitólio – em 6 de janeiro de 2021 -, o sistema democrático dos EUA ainda tem dificuldade em aprender as lições, pois a violência política continuou a crescer e se deteriorar.

No relatório, a China afirma que o surgimento de facções radicais nos partidos Democrata e Republicano afetou o tradicional equilíbrio interpartidário baseado no compromisso político. Assim os dois lados se veem não apenas como adversários políticos, mas também como uma ameaça ao país.

Continua depois da publicidade

Os Estados Unidos da América tornaram-se os estados desunidos. A discórdia entre as duas Américas se aprofundava a cada dia e a polarização política atingiu um nível sem precedentes.”

Entre as provas desse ambiente conturbando, a China citou a invasão por autoridades federais em agosto passado da residência do ex-presidente Donald Trump em Mar-a-Lago.

Política externa

Sobre a política externa americana, os chineses alegam que ela tem se tornado cada vez mais “extrema”, o que é prejudicial não só para muitos países em desenvolvimento, mas também representa uma ameaça para os próprios aliados dos Estados Unidos.

Continua depois da publicidade

“Para manter sua hegemonia, os EUA há muito monopolizam a definição de ‘democracia’, instigando divisão e confronto em nome da democracia e minando o sistema internacional centrado na ONU e a ordem internacional sustentada pelo direito internacional.”

Sobre a posição americana em relação à guerra entre Ucrânia e Rússia, os chineses acusam os EUA de terem aproveitado o conflito como oportunidade lucrativa.

“Em vez de tomar quaisquer medidas que conduzam ao fim das hostilidades, os EUA continuaram alimentando as chamas e fizeram uma enorme fortuna com o negócio da guerra, incluindo a indústria de armas e o setor de energia”, diz o documento.

Publicidade

O relatório conclui que a democracia é o valor comum da humanidade, mas que não existe um modelo único de sistema político aplicável a todos os países do mundo.

“Os EUA têm uma democracia de estilo americano, a China tem uma democracia de estilo chinês e outros países têm seus próprios modelos únicos de democracia que atendem às suas respectivas condições nacionais. Deve caber ao povo de um país julgar se o país é democrático ou não e como promover melhor a democracia em seu país. Os poucos países hipócritas não têm o direito de apontar o dedo.”