BCE vê riscos mais equilibrados tanto para a inflação como para atividade na zona do euro

Em boletim econômico, Banco Central reafirmou intenção de adotar nova alta de 50 pontos-base nos juros na reunião de março

Roberto de Lira

Fachada do Banco Central Europeu (Shutterstock)

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Os riscos para as perspectivas tanto de inflação como do crescimento econômico para a zona do euro tornaram-se mais equilibrados na virada do ano, informou hoje o Banco Central Europeu (BCE) em seu primeiro Boletim Econômico do ano.

Para a inflação, o Banco Central alerta que pressões sobre o fornecimento de gás ainda podem elevar os preços de varejo no curto prazo e que recuperação econômica mais forte do que o esperado na China pode dar um novo impulso aos preços das commodities e à demanda externa.

Fatores domésticos, como um aumento persistente das expectativas de inflação acima da meta ou aumentos salariais acima do previsto, podem elevar a inflação, também no médio prazo.

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Por outro lado, caso persista a recente queda nos preços de energia, pode acontecer uma desaceleração da inflação mais rápida do que o esperado. Esta pressão de queda no componente energético dos índices de preços pode também se traduzir numa dinâmica mais fraca para a inflação subjacente. Um enfraquecimento adicional da demanda também contribuiria para pressões de preços mais baixas do que o atualmente previsto,

Para a atividade econômica, a pressão negativa vem da continuidade da guerra da Rússia contra a Ucrânia, que ainda exerce pressão sobre preços de energia e alimentos. Também pode haver um obstáculo adicional ao crescimento da área do euro se a economia mundial enfraquecer mais acentuadamente do que o esperado.

No entanto, o BCE considera que o choque energético pode desaparecer mais rapidamente do que o previsto e as empresas da área do euro podem adaptar-se mais rapidamente ao ambiente internacional desafiador, o que daria suporte a um crescimento maior do que o esperado atualmente.

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Sobrea última decisão do BCE em sua reunião no início de fevereiro, que optou por elevar as principais taxas de juros em 50 pontos-base, o Banco Central informou que manterá o rumo de aumentar significativamente as taxas de juros a um ritmo constante e que deve mantê-las em níveis suficientemente restritivos para assegurar um regresso atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%.

“Tendo em conta as pressões de inflação subjacentes, o Conselho do BCE pretende aumentar as taxas de juro em mais 50 pontos-base na sua próxima reunião de política monetária em março e irá então avaliar a subsequente trajetória da sua política monetária”, disse o Boletim.

Segundo o BCE, manter as taxas de juros em níveis restritivos reduzirá com o tempo a inflação ao amortecer a demanda e também protegerá contra o risco de uma mudança persistente para cima nas expectativas de inflação.