BC limita distribuição de lucros e aumentos salariais em instituições financeiras

A regra temporária não vale para pagamentos referentes ao ano passado

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – O Banco Central anunciou que as instituições financeiras do país não poderão realizar a distribuição de resultados acima do mínimo estatutário ou aumentar a remuneração de seus diretores e administradores entre esta segunda-feira (6) e 30 de setembro deste ano.

A medida, divulgada por meio de uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN), tem como objetivo “assegurar a solidez, a estabilidade e o regular funcionamento do Sistema Financeiro Nacional”, de acordo com Roberto Campos Neto, presidente do BC. Vale lembrar, no entanto, que pagamentos referentes ao ano de 2019 não estão inclusos nesta regra.

Segundo a resolução, as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil ficam vedadas a:

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a) pagar juros sobre o capital próprio e dividendos acima do mínimo obrigatório estabelecido no estatuto social;
b) recomprar ações próprias;
c) reduzir o capital social, quando legalmente possível;
d) aumentar a remuneração, fixa ou variável, de diretores e membros do conselho de administração;
e) antecipar o pagamento de quaisquer dos itens anteriores.

Além disso, o texto afirma que os montantes retidos em decorrência da resolução “não podem ser objeto de obrigação futura nem ser vinculado de qualquer forma a pagamentos de dividendos no futuro”.

A remuneração variável citada na resolução inclui bônus, participação nos lucros e quaisquer parcelas de remuneração diferidas e outros incentivos salariais associados ao desempenho.

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A recompra de ações poderá ser autorizada pelo Banco Central, desde que por meio de bolsas ou de mercado de balcão organizado, para permanência em tesouraria e venda posterior, até o limite de 5% das ações emitidas a partir desta segunda-feira (6).

Cândido Bracher, CEO do Itaú Unibanco, disse em teleconferência que “é uma medida sensata do BC, perfeitamente compreensível”. “Em um momento em que as autoridades estão injetando liquidez na economia, não gostaria de usar para pagar dividendos. Nós buscamos manter um nível de capital de 13,5% em relação aos ativos. Até por esse critério, o pagamento de dividendos não seria muito superior a isso. Então estamos bem com a determinação do Banco Central”, disse.

De acordo com analistas do Bradesco BBI, o cenário mais provável é que os bancos no Brasil parem de realizar recompras de ações e reduzam seus pagamentos ao mínimo. “Em 2019, alguns dos mais importantes bancos do setor privado distribuíram cerca de 60% de seus ganhos recorrentes na forma de dividendos, como o Itaú. Neste ano, estamos considerando uma convergência para o mínimo de 25% a 30%. No atual momento do mercado financeiro, esperaríamos que a maioria das empresas reduzisse drasticamente seus pagamentos de dividendos. Isso se aplica aos bancos”, afirmam em nota.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.