BC eleva projeção de inflação para 2023, 2024 e 2025; estimativa para crescimento do PIB melhora

Segundo o RTI, IPCA deve ter variação de 5,8% neste ano, ante projeção de 5,0% feita em dezembro; PIB deve crescer 1,2%

Roberto de Lira

Logo do Banco Central na fachada da sede (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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O Banco Central elevou sua projeção de inflação para 2023 para 5,8%, segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira (30). A projeção no último relatório, divulgado em dezembro, era de variação de 5,0% no ano. As projeções também subiram para 2024 (de 3,0% para 3,6%) e para 2025 (de 2,8% para 3,2%).

Segundo o relatório, os principais fatores de alta para essas revisões foram a elevação das expectativas de inflação pelo mercado, a revisão das projeções de tarifas de energia elétrica em função de decisão liminar do STF, a surpresa recente do subitem “Emplacamento e licença”, a revisão de projeções de curto prazo da inflação e a estimativa de hiato do produto mais fechado.

No cenário de referência do Comitê de Política Monetária, as projeções de curto prazo para a inflação consideram variações de 0,87% em março, 0,63% em abril, 0,28% em maio e 0,29% em junho.

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Nesse cenário, a inflação acumulada calculada pelo IPCA em doze meses recua de 5,60% em fevereiro para 3,79% em junho. A inflação acumulada em doze meses deve voltar a subir no terceiro trimestre, segundo o BC, quando será retirada do cálculo a variação negativa do IPCA em igual período de 2022, decorrente das medidas de desoneração tributária.

Para o PIB, a projeção de crescimento em 2023 passou de 1,0%, no Relatório de Inflação anterior, para 1,2% no documento divulgado hoje. Apesar da revisão, o BC ainda vê uma desaceleração da atividade econômica, na comparação com os dois anos anteriores. Espera‑se que o crescimento no ano tenha contribuição relevante do setor agropecuário.

“Tal desaceleração é influenciada pela diminuição do ritmo de crescimento global e pelos impactos cumulativos da política monetária doméstica. Em relação à trajetória trimestral esperada, preveem‑se variações modestas ao longo do ano para indústria, serviços e consumo doméstico”, afirma o relatório.

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Segundo o BC, a Agropecuária deve apresentar dinâmica distinta, com crescimento expressivo no primeiro trimestre, decorrente principalmente da expectativa de elevado aumento da produção de soja. Este comportamento esperado para a agropecuária deverá contribuir para a alta do PIB no primeiro trimestre e para desaceleração no trimestre seguinte.

Crédito

Para 2023, a projeção de crescimento do saldo de crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN) foi revisada de 8,3% no RTI de dezembro para 7,6% neste último. O recuo da projeção, segundo BC, foi determinado pelo crédito livre, refletindo a surpresa negativa com os dados divulgados no último trimestre de 2022 e a elevação da trajetória esperada para a taxa de juros básica.

“No crédito livre para pessoas físicas, o avanço da inadimplência e os níveis elevados de endividamento e comprometimento de renda também contribuíram para a revisão da projeção, de 9,0% para 8,0%. No caso do crédito livre para empresas, a projeção foi revisada de 8,0% para 6,0%, já considerando o ambiente de maior aversão ao risco no curto prazo em decorrência de eventos específicos relacionados a empresas de grande porte”, afirma o texto.

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No crédito direcionado, a projeção de crescimento do saldo de pessoas físicas foi mantida em 9,0%, enquanto a do segmento de pessoas jurídicas foi elevada de 6,0% para 7,0%, em linha com a expectativa de postura ligeiramente mais expansionista de alguns atores presentes nesse mercado do que o esperado anteriormente.

Quadro fiscal

Sobre o quadro fiscal, o BC fez comentário elogiosos às últimas medidas do novo governo, incluindo o pacote anunciado pelo Ministério da Fazenda (com impacto potencial de R$ 242 bilhões). Mas o RTI afirma que as expectativas de retomada de déficits primários em 2023 e de trajetória crescente do endividamento público para os próximos anos indicam que o quadro fiscal ainda requer atenção.

“No curto prazo, a aprovação da Emenda Constitucional (EC) 126 trouxe gastos maiores que o esperado. Quanto ao médio prazo, a referida emenda estabeleceu o prazo de 31/08/2023 para o Executivo encaminhar projeto de lei complementar instituindo um novo regime fiscal e o Ministério da Fazenda tem declarado que pretende fazer o envio significativamente antes desse prazo. Todavia, permanece incerteza relevante em relação à trajetória da política fiscal nos próximos anos.”