Barr, do Fed: Questão é por quanto tempo juros terão de seguir restritivos para atingirmos metas

Com direito a voto nas decisões do Fomc, Barr disse que continuará a avaliar os indicadores dos EUA para fazer suas avaliações nas próximas reuniões do Fed

Estadão Conteúdo

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Vice-presidente para Supervisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Michael Barr afirmou nesta segunda-feira, 2, que a questão mais importante neste momento não é se os juros devem subir mais ou não neste ano, mas por quanto tempo terão de seguir em “nível suficientemente restritivo para atingir nossas metas”. Segundo ele, “isso deve levar algum tempo”, não especificado. A inflação tem moderado, mas ainda mostra resiliência “consideravelmente maior do que eu previa”, avaliou.

Com direito a voto nas decisões de política monetária, Barr disse que continuará a avaliar os indicadores dos EUA para fazer suas avaliações nas próximas reuniões do Fed. Como parte dessa tarefa, continuará a monitorar o custo e a disponibilidade de crédito para a economia, afirmou o dirigente, durante discurso em Nova York.

Segundo ele, o efeito total do aperto monetário já adotado pelo Fed deve ser sentido “nos próximos meses”. O Produto Interno Bruto (PIB) americano, por sua vez, deve moderar para “um pouco abaixo da taxa potencial” no próximo ano, nesse contexto de aperto. Os indicadores disponíveis, de qualquer modo, sugerem que há progresso para equilibrar melhor a oferta e a demanda no mercado de trabalho, acrescentou. Para ele, há mais chance agora de que o retorno à estabilidade de preços ocorra sem grandes perdas de empregos como visto em episódios passados. O histórico, porém, sugere “cautela” quanto a essa possibilidade, advertiu.

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Barr disse que concorda com o presidente do Fed, Jerome Powell, sobre a importância de haver estabilidade de preços para que “a economia trabalhe para todos”. Segundo ele, as medidas “fortes” do Fed no aperto recente “têm garantido que as expectativas de inflação permaneçam bem ancoradas”.

O mercado de trabalho “está apertado” e os indicadores mostram que o emprego continuava a expandir até agosto, mas os dados mais recentes “também sugerem que estamos fazendo progresso para equilibrar melhor a oferta e a demanda por trabalho”. O crescimento das vagas tem moderado, enquanto a participação na força de trabalho continua a melhorar, apontou.

Barr disse que continuará a monitorar a disponibilidade de crédito na economia. Ele comentou que o aperto no crédito tem ocorrido, com os juros mais altos, porém em nível menor do que esperava em março que fosse ser visto. Ele recordou a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e outros bancos menores e da resposta oficial para acalmar o quadro. Segundo o dirigente, é “particularmente importante” observar de perto como a política monetária e os efeitos do estresse bancário de março afetam o comportamento bancário e a provisão de crédito à economia.

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Na sessão de perguntas e respostas, Barr também foi questionado sobre a inteligência artificial. Ele disse que tem conversado com especialistas no assunto e não descartou que a tecnologia traga “efeitos disseminados” para a economia americana. Segundo ele, o tema é algo a ser monitorado, e pode de fato trazer mudanças importantes, como aumento na produtividade e perdas de empregos em alguns setores.