Ata do Copom: BC não sinaliza magnitude dos próximos ajustes e mostra preocupação com políticas fiscais para reduzir preços

A preocupação acontece em meio à discussão sobre corte de tributos para aliviar os valores cobrados em combustíveis.

Equipe InfoMoney

Prédio da sede do Banco Central, em Brasília (Beto Nociti/BCB)

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O Banco Central demonstrou preocupação com a adoção de políticas fiscais que buscam controlar a inflação no curto prazo, ressaltando que as medidas podem gerar efeito de alta na inflação, mostrou a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira.

A preocupação acontece em meio à discussão sobre corte de tributos para aliviar os valores cobrados em combustíveis.

“O Comitê nota que mesmo políticas fiscais que tenham efeitos baixistas sobre a inflação no curto prazo podem causar deterioração nos prêmios de risco, aumento das expectativas de inflação e, consequentemente, um efeito altista na inflação prospectiva”, destacou.

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O documento não avançou de maneira concreta em informações que poderiam indicar qual percentual de aperto monetário será adotado na reunião de março, mantendo a posição apresentada no comunicado da última semana.

Na semana passada, o BC aumentou a taxa básica de juros em 1,50 ponto percentual, ao patamar de 10,75% ao ano, mas indicou uma redução no ritmo de ajuste na próxima reunião do Copom, em março, além de apontar que o horizonte relevante da política monetária inclui, “em maior grau”, o ano de 2023. As avaliações foram repetidas na ata do encontro divulgada nesta terça-feira.

“Em relação aos seus próximos passos, o Comitê antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros. Essa sinalização reflete o estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos cumulativos se manifestarão ao longo do horizonte relevante. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, apontou no documento.

Contudo, apontou que “a incerteza particularmente elevada sobre preços de importantes ativos e commodities, assim como o estágio do ciclo, fez o Comitê considerar mais adequado, neste momento, não sinalizar a magnitude dos seus próximos ajustes”.

Análise

Segundo Luca Mercadante, economista da Rio Bravo Investimentos, a ata do Copom reforçou a trajetória da política monetária indicada no comunicado da semana passada, mas o discurso foi mais duro com o fiscal e com a atividade econômica.

“Corretamente, o BC considerou que os riscos das propostas de redução de impostos para controlar preços podem levar a um processo de desancoragem da inflação no horizonte relevante. O discurso mais hawk (duro) do BC também foi visto na atividade, que apesar das expectativas do mercado serem de desaceleração em 2022, foi comentada apenas pelos bons resultados de novembro e dezembro”, aponta o economista.

Assim, com o balanço de riscos ainda pressionado com o risco fiscal e a alta de commodities, o BC deixou em aberto quando será o final do ciclo de alta no juros. ‘Nesse cenário, mantemos, por ora, nossa projeção de Selic em 11,75 a ser atingida em março”, conclui.

A XP também aponta que a ata trouxe um tom mais hawkish (ou seja, mais rígido em relação a inflação) do que o comunicado divulgado na semana passada pelo Banco Central, sinalizando que haverá mais de uma elevação de juros adiante, ou seja, que o ciclo de altas da Selic, mesmo que em menor ritmo, não se encerrará na reunião de março.

“Além disso, o documento também trouxe mais detalhes sobre o cenário de inflação pressionada, destacando a recente alta além do previsto de commodities, especialmente petróleo, e a elevação das incertezas do cenário fiscal – com iniciativas recentes que podem segurar os preços no imediato, mas pioram as expectativas de alta de inflação no longo prazo”, aponta.

Assim, diante da sinalização, a equipe de análise macro esperará a divulgação de mais dados para calibrar o cenário (de Selic terminal em 11,75% em março), mas já atribui um viés de alta para a projeção atual.

O Itaú também destaca que a ata indica que as autoridades vislumbram caminhadas mais lentas à frente, mas nenhuma pausa iminente no ciclo. Eles alertam sobre os riscos representados pela incerteza da política fiscal e observam o nível elevado de incerteza decorrente dos preços de ativos e commodities. “Esperamos agora que o ciclo termine com a taxa Selic em 12,5% ao ano, com movimento de alta de 1 ponto percentual na próxima reunião de política monetária, em março”, apontam os economistas do banco.

O Bank of America revisou sua visão para a Selic terminal para o ano após a ata, com projeção de 12,25% para maio, com uma alta de 1 ponto em março e 0,5 ponto percentual em maio, ainda que mantenha sua projeção de Selic a 9,5% em 2023. A projeção anterior era de mais uma alta de 0,5 ponto em março de 2022.

(com Reuters)

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