AstraZeneca afirma que não consegue disponibilizar vacinas para o setor privado

Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro deu o aval para que empresários comprassem 33 milhões de doses da farmacêutica

Giovanna Sutto

(Pexels)

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SÃO PAULO – A farmacêutica britânica AstraZeneca informou nesta terça-feira (26) que não tem condições de vender doses da vacina contra a Covid-19 para o setor privado brasileiro.

“No momento, todas as doses da vacina estão disponíveis por meio de acordos firmados com governos e organizações multilaterais ao redor do mundo, incluindo da Covax Facility [consórcio coordenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)], não sendo possível disponibilizar vacinas para o mercado privado”, disse a empresa em nota publicada em seu site.

O posicionamento da AstraZeneca contradiz o anúncio que o presidente Jair Bolsonaro deu também nesta terça, durante uma conferência para investidores organizada pelo banco Credit Suisse.

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No evento, Bolsonaro deu o aval para que um grupo de empresários compre, por conta própria, um lote de 33 milhões de doses de vacinas contra Covid-19 da AstraZeneca para vacinar seus funcionários. Metade seria doada para o governo brasileiro.

Segundo informações da Folha de São Paulo, a proposta partiu de um grupo de empresários que inclui o grupo Gerdau e a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), coordenadores da iniciativa.

“Semana passada, nós fomos procurados por um representante de empresários e nós assinamos carta de intenções favorável a isso, para que 33 milhões de doses da Oxford viessem do Reino Unido para o Brasil, a custo zero para o governo. E metade dessas doses, 16,5 milhões, entrariam aqui para o SUS e estariam então no Programa Nacional de Imunização, seguindo aqueles critérios, e outros 16,5 milhões ficariam com esses empresários para que fossem vacinados, então, os seus empregados, para que a economia não parasse”, disse o presidente durante o evento do Credit Suisse.

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Paulo Guedes, ministro da Economia, também defendeu a proposta afirmando que a ajuda ao governo será bem-vinda e que não se pode considerar a compra uma questão de “furar-fila”.

Segundo informações da Reuters, o governo já enviou uma carta à AstraZeneca dando o aval para a negociação. No entanto, o laboratório deixou claro que não consegue suprir essa demanda do setor privado em sua nota justamente porque está com dificuldade para cumprir os contratos já assinados.

100 milhões de vacinas Oxford/AstraZeneca para o Brasil

A vacina da AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, já teve autorização para uso emergencial no Brasil em relação a um lote de 2 milhões de doses, importadas do laboratório da farmacêutica na Índia.

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a aplicação desse lote no último dia 17. Depois do atraso de cerca de uma semana, devido à logística com o envio das doses da Índia, as 2 milhões de doses chegaram na última sexta-feira (22). No Brasil a farmacêutica e a universidade têm parceria firmada com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que será a responsável pela produção da vacina em solo brasileiro.

O governo federal tem um acordo para obter 100 milhões de doses Oxford/AstraZeneca. No entanto, as doses para o setor privado não fazem parte desse acordo.

Em sua nota, a AstraZeneca reforçou esse compromisso de entregar as 100 milhões de doses previstas. “Como parte do nosso acordo com a Fiocruz, mais de 100 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca (AZD1222) estarão disponíveis no Brasil, em parceria com o Governo Federal.”

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Mas o laboratório ainda não conseguiu entregar à Fiocruz os lotes de insumos que serão usados para entregar 50 milhões dessas doses até março. Também informou a União Europeia de que não conseguirá cumprir os prazos acertados em contrato para entrega aos países europeus.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.