Alemães iniciam onda de greves, enquanto país discute o futuro das indústrias

Greves nos setores de engenharia elétrica e metalurgia atingem quase quatro milhões de pessoas e afetam empresas como Porsche AG, BMW e Mercedes

Reuters

Protesto de trabalhadores da Mercedes por salários mais altos em Berlim - 29/10/2024 (Foto: Liesa Johannssen/Reuters)
Protesto de trabalhadores da Mercedes por salários mais altos em Berlim - 29/10/2024 (Foto: Liesa Johannssen/Reuters)

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Berlim (Reuters) – Milhares de trabalhadores alemães iniciaram greves em todo o país para pressionar por salários mais altos nesta terça-feira (29), agravando os problemas de empresas preocupadas em se manterem competitivas em nível global, com altos custos, fracas exportações e rivais estrangeiros minando seus pontos fortes.

As greves dos trabalhadores sindicalizados nos setores de engenharia elétrica e metalurgia, que somam quase quatro milhões de pessoas, atingiram empresas como Porsche AG, BMW e Mercedes.

Também nesta semana, a gigante automobilística Volkswagen pode anunciar planos para fechar três fábricas em seu país pela primeira vez em seus 87 anos de história, demissões em massa e cortes salariais de 10% para os trabalhadores que mantiverem seus empregos.

A piora das perspectivas de negócios na maior economia da Europa aumentou a pressão sobre o frágil governo de coalizão do chanceler Olaf Scholz, que pode estar à beira do colapso às vésperas de eleições federais no próximo ano, com as rachaduras políticas se ampliando.

Scholz realizará uma reunião com líderes empresariais nesta terça-feira, incluindo o chefe da Volkswagen, Oliver Blume, mas sua equipe já minimizou as expectativas de resultados rápidos. Em um sinal de disfunção do governo, seu ministro das Finanças também anunciou uma reunião de cúpula separada no mesmo dia.

Crise estrutural

A Alemanha tem um longo histórico de chamadas “greves de advertência” durante negociações salariais, mas elas ocorrem em um momento em que os empregadores estão cada vez mais preocupados com o futuro.

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Um importante grupo empresarial disse que uma pesquisa com empresas apontou que a Alemanha passará por outro ano de contração econômica em 2024 e não terá perspectiva de crescimento no próximo ano.

“Não estamos lidando apenas com uma crise cíclica, mas com uma crise estrutural persistente na Alemanha”, disse Martin Wansleben, diretor administrativo da Câmara Alemã de Comércio e Indústria (DIHK), que realizou a pesquisa.

“Estamos muito preocupados com o quanto a Alemanha está se tornando um fardo econômico para a Europa e não pode mais cumprir seu papel de força de trabalho econômica”, disse.

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Uma pesquisa separada realizada pela associação da indústria automobilística (VDA) sugeriu que a transformação da indústria automobilística alemã poderia levar à perda de 186.000 empregos até 2035, dos quais cerca de um quarto já ocorreu.

“A Europa — especialmente a Alemanha — está perdendo cada vez mais competitividade internacional”, disse o relatório da VDA. Segundo o relatório, as empresas alemãs pagam até três vezes mais pela eletricidade do que suas rivais norte-americanas ou chinesas, ao mesmo tempo em que enfrentam impostos mais altos e encargos burocráticos cada vez maiores.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) juntou-se àqueles que pedem reformas na Alemanha, sugerindo que o governo abandone um limite de empréstimos consagrado constitucionalmente, conhecido como freio da dívida, para que possa impulsionar o investimento.

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Embora o freio da dívida seja apoiado pelo ministro das Finanças, Christian Lindner, ele está em desacordo com o ministro da Economia, Robert Habeck, que pediu um fundo de vários bilhões de euros para estimular o crescimento.

As greves de terça-feira foram orquestradas pelo poderoso sindicato IG Metall, que também realizou uma paralisação durante o turno da noite na fábrica da Volkswagen na cidade de Osnabrueck, onde os trabalhadores temem que a unidade possa ser fechada.

O IG Metall está exigindo aumentos salariais de 7% em comparação com o aumento de 3,6% em um período de 27 meses oferecido pelas associações de empregadores. As empresas dizem que as exigências são irrealistas.