Contra contratações sem sentido, startup de recursos humanos capta R$ 500 milhões com SoftBank

A Gupy atua com recrutamento, seleção, admissão e treinamento de funcionários. Startup dobra seu faturamento a cada ano

Mariana Fonseca

Mariana Dias, Bruna Guimarães, Guilherme Dias e Robson Ventura, cofundadores da Gupy (Divulgação)

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A Gupy busca eliminar contratações sem sentido – e acabou de receber mais R$ 500 milhões para levar essa proposta para mais empresas brasileiras. A startup de recursos humanos anunciou nesta segunda-feira (31) a captação de um investimento série C, liderado pelo conglomerado japonês de telecomunicações SoftBank e pela gestora americana Riverwood.

O SoftBank captou recentemente mais US$ 3 bilhões para startups da América Latina e aportou em negócios brasileiros como Alice, Descomplica e Pipefy. O aporte na Gupy é divulgado durante um momento turbulento para a atuação do conglomerado japonês na região: Marcelo Claure, que trouxe a operação do SoftBank para a América Latina, saiu da empresa. Já o Riverwood investiu em negócios como Arquivei, Petlove e VTEX. O investimento na Gupy contou ainda com a gestora Endeavor Catalyst (Creditas, Kavak, Kovi).

O Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney, conversou com Mariana Dias. A cofundadora da Gupy fez um balanço sobre a expansão da startup de recursos humanos, que envolveu uma inteligência artificial própria para recrutamento e seleção e frentes de admissão e treinamentos digitais. Também elencou os objetivos com os novos R$ 500 milhões para a Gupy.

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“Os aportes nas startups de recursos humanos têm crescido ano a ano, mas a pandemia intensificou a necessidade por essas soluções digitais. Passamos de um setor muito desassistido para um setor quente em investimentos”, analisou Mariana.

Entre 2000 e 2021, US$ 3,4 bilhões de dólares foram investidos no ecossistema brasileiro de startups de recursos humanos, segundo o estudo Distrito HRTech Report 2021. Cinco das dez maiores rodadas nesse setor foram feitas em 2020 e 2021. Entre janeiro e outubro de 2021, último período analisado pelo Distrito, os aportes somaram US$ 1,5 bilhão – quase metade do volume histórico de investimentos nas HRTechs.

Inteligência para os recursos humanos

A Gupy foi criada por Mariana Dias, seu irmão Guilherme Dias, Bruna Guimarães e Robson Ventura em 2015. Mariana foi trainee na gigante de bebidas Ambev e depois trabalhou na área de recursos humanos. Olhando para a quantidade de funcionários que se demitiam, começou a pensar sobre se estava recrutando as pessoas certas.

A startup começou como uma solução digital de recrutamento e seleção para empresas. Seu algoritmo próprio coleta dados sobre funcionários com desempenho acima da média e prevê quais candidatos a uma vaga têm mais potencial de crescerem dentro de cada companhia.

Segundo a startup, o processo de análise de candidatos cai de 50 horas para 13 horas por meio da sua solução de ranqueamento de candidatos, e a porcentagem de contratações vindas de publicações na plataforma é superior a 80%.

A proposta de contratações mais assertivas e processos seletivos digitais cresceu ao longo dos anos e ganhou um impulso a mais durante a pandemia do novo coronavírus. A Gupy decidiu expandir sua atuação, e hoje também atende as verticais de admissão digital e treinamento corporativo em seu portal.

A Gupy atende mais de 1.500 empresas atualmente, desde negócios com 50 funcionários até gigantes como Ambev, Itaú, Renner e Santander. A startup acumula 22,5 milhões de currículos em sua base, e 60 mil vagas são divulgadas por mês. A Gupy se monetiza cobrando planos das companhias atendidas.

Novo investimento e planos para 2022

A Gupy já tinha captado R$ 50 milhões com investidores como a aceleradora Wayra; os fundos Canary, Maya Capital, Valor Capital e Yelow Ventures. Sendo que R$ 40 milhões desse valor foram captados em abril de 2020, no começo da pandemia.

Os R$ 500 milhões serão usados para investir em “estratégias que ganharam força durante a pandemia”, segundo Mariana. A Gupy vai reforçar suas soluções atuais e criar outras soluções para profissionais de recursos humanos aumentarem a quantidade de talentos recrutados e para os candidatos melhorarem sua empregabilidade.

A startup não especifica quais serão os produtos especificamente, mas afirma que eles poderão ser tanto desenvolvidos em casa quanto adquiridos a partir de M&As. A Gupy começou a fazer fusões e aquisições com a compra da startup de microtreinamentos gamificados Niduu, em 2021.

“CEOs e RHs terão o grande desafio neste ano de obter talentos em escassez no mercado. Será preciso qualificar os talentos recém-contratados e requalificar os talentos que já estão na companhia”, analisa a cofundadora. A startup cresce sua receita em 100% a cada ano, e a expectativa é novamente dobrar o faturamento em 2022. “Temos clientes em todas as regiões, mas podemos ir muito além das 1.500 empresas atendidas no momento. Dessa forma é que vamos manter o crescimento de 100% por ano”, diz Mariana.

Em longo prazo, o objetivo da Gupy é ser uma consolidadora de soluções para o setor de recursos humanos. “O profissional e o funcionário veem ganhos adotando uma única solução para concentrar todos os processos do setor. O RH consegue entender como cada contratado está performando na empresa e se é preciso treiná-lo ou recolocá-lo em outro departamento da empresa. Temos um grande tamanho de mercado, mas não terá espaço para diversos grandes players. O setor demanda consolidação”, diz Mariana.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.