Brasil ganhou 10 unicórnios em 2021. Veja quais foram as startups bilionárias do ano

Status de unicórnio é dado para startups que atingem uma avaliação de mercado bilionária em dólares. Brasil acumula 24 unicórnios ao todo

Mariana Fonseca

Federico Vega, da CargoX (Divulgação)

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SÃO PAULO – O Brasil ganhou 10 unicórnios ao longo de 2021 – status dado a startups que atingem uma avaliação de mercado bilionária em dólares. É o recorde de criação de unicórnios em um ano, acompanhando um volume também recorde de investimento em negócios escaláveis, inovadores e tecnológicos fundados no Brasil.

Ao todo, o país acumula 24 unicórnios. A primeira startup bilionária brasileira foi o aplicativo de transporte 99, em janeiro de 2018. Neste ano, os unicórnios se espalharam pelos setores de e-commerce, mídia, fintech, segurança e logística. Confira a lista completa de novas startups brasileiras bilionárias em 2021:

1 – MadeiraMadeira

Daniel Scandian, CEO e fundador da MadeiraMadeira (Divulgação)

Ano de fundação: 2008
Cidade de fundação: Curitiba
Quando virou unicórnio: janeiro de 2021
Setor: e-commerce

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Os irmãos Daniel e Marcelo Scandian sempre imaginaram que o futuro estava garantido graças a empresa de pisos da família. Mas a companhia quebrou durante a crise de 2008. Para vender as máquinas da fábrica falida, os dois montaram um site que aos poucos e foi crescendo e crescendo até se transformar no que é hoje um dos maiores e-commerces de móveis do país.

A MadeiraMadeira comercializa produtos feitos por terceiros e também tem sua linha própria de móveis, chamada Cabecasa. O negócio reúne 2 milhões de produtos, e se tornou um unicórnio após realizar um série D de US$ 190 milhões. Confira a entrevista completa com Daniel Scandian para o podcast Do Zero Ao Topo:

2 – Hotmart

Escritório da Hotmart (Divulgação)
Escritório da Hotmart (Divulgação)

Ano de fundação: 2011
Cidade de fundação: Belo Horizonte
Quando virou unicórnio: março de 2021
Setor: e-commerce/mídia

A Hotmart oferece um site para criadores de conteúdo oferecerem e gerenciarem seus produtos digitais, como cursos online, ebooks e podcasts. A empresa diz que se tornou unicórnio em 2020, mas apenas divulgou o status oficialmente após uma rodada série C de R$ 735 milhões. A startup afirma ter 30 milhões de usuários em 188 países, com 490 mil produtos cadastrados.

3 – Mercado Bitcoin

Gustavo Chamati, cofundador do Mercado Bitcoin (Divulgação)
Gustavo Chamati, cofundador do Mercado Bitcoin (Divulgação)

Ano de fundação: 2013
Cidade de fundação: São Paulo
Quando virou unicórnio: julho de 2021
Setor: fintech

O Mercado Bitcoin foi criado em 2012, como uma corretora para compra e venda de criptoativos, como Bitcoin e Ethereum. Uma grande onda de demanda por Bitcoin viria apenas em 2017 – e iria catapultar a startup.

Em julho de 2021, o Mercado Bitcoin se tornou o primeiro unicórnio atuando com criptomoedas no Brasil. O conglomerado japonês de tecnologia SoftBank liderou um aporte de US$ 200 milhões na empresa, elevando sua avaliação de mercado para US$ 2,1 bilhões. Hoje, o Mercado Bitcoin tem 2,8 milhões de clientes. Confira a entrevista completa do cofundador Gustavo Chamati para o podcast Do Zero Ao Topo:

4 – unico

Diego Martins, da unico (Divulgação)
Diego Martins, fundador da unico (Divulgação)

Ano de fundação: 2007
Cidade de fundação: São Paulo
Quando virou unicórnio: agosto de 2021
Setor: segurança

Antigamente chamada de Acesso Digital, a unico atua com proteção de identidade digital. A startup fornece soluções como biometria para autenticação de identidade e para assinaturas eletrônicas. Assim, permite atividades como compras online, solicitação de crédito e contratação digital de funcionários.

Hoje, atende cerca de 800 clientes. Entre eles estão bancos, marketplaces e varejistas, como B2W, Carrefour, Magazine Luiza e Vivo. A Unico se tornou um unicórnio após uma rodada de R$ 625 milhões.

5 – Frete.com

Federico Vega, fundador da CargoX e CEO do Frete.com (Divulgação)
Federico Vega, fundador da CargoX e CEO do Frete.com (Divulgação)

Ano de fundação: 2008 (FreteBras) / 2013 (CargoX)
Cidade de fundação: Goiás (FreteBras) / São Paulo (CargoX)
Quando virou unicórnio: novembro de 2021
Setor: logística

O Frete.com é uma holding une dois negócios conhecidos no setor de logística: a startup de digitalização de caminhoneiros CargoX e a plataforma de negociação de transporte de cargas FreteBras.

Em novembro deste ano, o Frete.com se tornou o terceiro unicórnio brasileiro no burocrático e complexo mercado de logística, após as empresas de entregas iFood e Loggi. Mas é o primeiro unicórnio atacando especificamente as cargas pesadas. O status de unicórnio ao grupo veio após um investimento de US$ 200 milhões. Em 2021, o Frete.com tem como projeção crescer 90% sobre o ano anterior e movimentar R$ 100 bilhões em fretes. Já para 2022, espera novamente crescer 90%.

A Fretebras foi fundada em 2008, em Goiás, e compartilha grandes investidores com a CargoX desde 2019. Já a CargoX foi criada pelo argentino Federico Veja em 2013. A história do empreendedor, que teve a ideia enquanto pedalava de bicicleta pela Patagônia e enfrentou mais de 200 rejeições de investidores, foi contada no episódio abaixo do podcast Do Zero Ao Topo:

6 – CloudWalk

Luis Silva, cofundador da CloudWalk (Divulgação)
Luis Silva, cofundador da CloudWalk (Divulgação)

Ano de fundação: 2013
Cidade de fundação: São Paulo
Quando virou unicórnio: novembro de 2021
Setor: fintech

A CloudWalk compete com empresas como Cielo, GetNet, PagSeguro, Rede e Stone no mercado de pagamentos. Para o empreendimento, o futuro desse setor virá de tecnologias como transações digitais, blockchain, computação em nuvem e stablecoins (criptomoedas pareadas em algum ativo para controlar sua volatilidade).

A CloudWalk foi cofundada por Luis Silva em 2013. O desenvolvimento da tecnologia e a obtenção de licenças de operação fizeram com que a CloudWalk só começasse realmente a operar em 2019. Seu produto mais conhecido é a maquininha InfinitePay.

A fintech alcançou uma avaliação de mercado de US$ 2,15 bilhões com uma rodada de investimentos série C, no valor de US$ 150 milhões. A CloudWalk atende 150 mil lojas em 4,3 mil cidades brasileiras atualmente, processando US$ 2,4 bilhões em transações de forma anualizada (doze vezes as transações realizadas em outubro de 2021) e crescendo 40% a cada trimestre.

7 – Daki e JOKR

Rodrigo Maroja, Alex Bretzner e Rafael Vasto, da Daki (Divulgação)
Rodrigo Maroja, Alex Bretzner e Rafael Vasto, da Daki (Divulgação)

Ano de fundação: 2021
Cidade de fundação: São Paulo (Daki) / Cidade do México (JOKR)
Quando virou unicórnio: dezembro de 2021
Setor: logística

Assim como o Frete.com, os mercados digitais Daki e JOKR representam mais um caso de unicórnio após uma união. A empresa brasileira e a empresa mexicana se uniram em julho deste ano. Em dezembro, o grupo anunciou um investimento de US$ 260 milhões que lhe conferiu uma avaliação de US$ 1,2 bilhão.

A Daki foi criada em janeiro deste ano pelos empreendedores Alex Bretzner, Rafael Vasto e Rodrigo Maroja. O negócio começou com uma loja piloto no bairro paulistano de Pinheiros, após um investimento anjo de R$ 2 milhões. A JOKR nasceu pouco depois, em março. A startup foi criada pelo empreendedor Ralf Wenzel, que fundou e depois vendeu a plataforma de entregas Foodpanda para a gigante europeia de entregas DeliveryHero. Wenzel também foi um dos sócios operadores do Softbank Latin America Fund, fundo criado pelo gigante japonês de telecomunicações e voltado às startups da América Latina.

A Daki foca no mercado brasileiro, enquanto a JOKR está de olho nos outros países da América Latina e nos Estados Unidos. A Daki tem 60 dark stores (galpões de portas fechadas para armazenar estoque próprio) em São Paulo e no Rio de Janeiro, enquanto a JOKR tem 200 delas em 15 cidades pelo mundo. O grupo de delivery coloca como diferenciais a entrega em 15 minutos, o frete grátis e a operação das 7h às 2h da madrugada. O plano é atingir 150 centros de distribuição até o final de 2022.

8 – Merama

Guilherme Nosralla e Renato Andrade, da Merama (Divulgação)
Guilherme Nosralla e Renato Andrade, da Merama: avaliação de US$ 1,2 bilhão (Divulgação)

Ano de fundação: 2021
Cidade de fundação: Cidade do México e São Paulo
Quando virou unicórnio: dezembro de 2021
Setor: e-commerce

O Brasil tem 1,6 milhão de lojas virtuais – foram quase 800 lojas virtuais criadas por dia entre julho de 2020 e julho de 2021, segundo uma pesquisa do PayPal Brasil. A Merama está de olho no crescimento do comércio eletrônico em toda a América Latina – e seus investidores compartilham o interesse. A startup de e-commerce conquistou uma avaliação de US$ 1,2 bilhão após um aporte de US$ 60 milhões, complementando sua série B de US$ 225 milhões.

A Merama começou em janeiro deste ano com sedes simultâneas no Brasil e no México. A startup procura, compra uma fatia majoritária e desenvolve marcas que vendem produtos por marketplaces como Amazon (AMZO34), Americanas (LAME3), Magazine Luiza (MGLU3), Mercado Livre (MELI34) e Via (VIIA3).

A Merama defende um modelo intermediário entre criar marcas e adquirir 100% de marcas terceiras. As marcas recebem suporte para previsão de demanda e estoque; gerenciamento de canais de venda, inclusive em outros países da América Latina; e marketing digital nos marketplaces ou sites de e-commerce próprios.

A startup de e-commerce já comprou uma fatia majoritária em mais de 20 empresas, que correspondem a mais de 30 marcas. A Merama projeta um faturamento acumulado de suas lojas de US$ 300 milhões em 2021 – a estimativa era de US$ 100 milhões na época da série A e de US$ 250 milhões na época do série B. Em 2022, o plano é dobrar o faturamento acumulado das lojas, para US$ 600 milhões.

9 – Olist

Tiago Dalvi, da Olist (Divulgação)
Tiago Dalvi, da Olist (Divulgação)

Ano de fundação: 2015
Cidade de fundação: Curitiba
Quando virou unicórnio: dezembro de 2021
Setor: e-commerce

O Olist surgiu em 2015, com a ideia de ser a “maior loja de departamentos dentro das lojas de departamento”. A startup começou com o Olist Store, um serviço para colocar lojistas nos marketplaces. A startup conecta vendedores a sites como Amazon (AMZO34), Americanas (BTOW3), Carrefour (CRFB3), Casas Bahia (VVAR3), Extra (PCAR3), Submarino, MadeiraMadeira e Mercado Livre (MELI34).

A startup expandiu para a criação de lojas online em 2020. O Olist Shops permite abrir um e-commerce próprio gratuitamente e em três minutos, com compartilhamento do link da loja nas redes sociais e sistemas integrados de estoque, logística.

O Olist conquistou uma avaliação de mercado bilionária, em dólares, após ter captado R$ 1 bilhão com investidores em uma rodada série E. O negócio atende desde microempreendedores até empresários de médio porte. Ao todo, são mais de 100 mil lojistas atendidos pelas soluções da startup hoje. O Olist já cresceu três vezes neste ano.

10 – Facily

Diego Dzodan, cofundador do Facily (Divulgação)
Diego Dzodan, cofundador do Facily (Divulgação)

Ano de fundação: 2018
Cidade de fundação: São Paulo
Quando virou unicórnio: dezembro de 2021
Setor: e-commerce

O Facily começou há mais de três anos como um marketplace social: as pessoas se unem para fazer pedidos maiores pela internet e, assim, obter descontos. Entenda mais sobre o modelo de negócios da startup, inspirada no aplicativo chinês WeChat.

Essa proposta cresceu junto com a aceleração do e-commerce no Brasil. O Facily cresceu suas vendas em 46 vezes entre janeiro e outubro deste ano. Apenas em outubro, foram mais de 7 milhões de pedidos realizados.

A startup se tornou um unicórnio após uma extensão de sua rodada série D, no valor de US$ 135 milhões. A rodada série D havia sido de US$ 250 milhões. De acordo com a empresa, a extensão vai reforçar os investimentos já realizados em logística e experiência do cliente, além de sustentar os planos da empresa de expansão em 2022.

*A Nuvemshop não entrou para a lista porque a sede do unicórnio está na Argentina, ainda que o Brasil seja um mercado relevante para a startup. O balanço total de unicórnios brasileiros não considera a empresa de centros de dados Ascenty e o banco digital C6 Bank.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.