Está animado com a CVC na Bovespa? Luiz Barsi, “O Rei da Bolsa”, não está

Barsi diz não gostar muito de IPOs, já participou de ao menos um deles e acabou não gostando da experiência

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – A CVC (CVCB3) abriu o capital nesta segunda-feira (9), chamando a atenção do mercado com, provavelmente, o último IPO (Initial Public Offering) do ano. Essas operações não chamam a atenção do investidor Luiz Barsi, um dos mais bem sucedidos da Bovespa – o que fez com que ele ganhasse a alcunha de “O Rei da Bolsa” e “Buffett brasileiro”. No pregão de estreia, queda de 4,19%, para R$ 15,49. 

Barsi diz não gostar muito de IPOs, já participou de ao menos um deles e acabou não gostando da experiência. Empresas que vão a IPO, mesmo as que ficam no piso da faixa de lançamento, costumam ter múltiplos elevados. São ações caras, portanto, o que contraria a ideia de Barsi de comprar ações com preço abaixo do patrimônio. 

Mas o que deixa Barsi com o pé atrás em relação ao IPO da CVC é o fato de que a oferta é, na totalidade, secundária – ou seja, o dinheiro vai para o investidor que está vendendo as ações da empresa e não para o caixa da empresa. Ele destaca que é crescente o número de aberturas de capital que tem sido assim nos últimos anos. “A grande maioria dos lançamentos são de mercado secundário”, afirma. 

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No caso, o investidor que está vendendo as ações é o fundo Carlyle, que entrou na empresa no início de 2010, quase quatro anos atrás. E agora, estão lucrando com isso – mas não estão deixando dinheiro para que a empresa se capitalize. “Todo esse dinheiro que o mercado for direcionar para a CVC não vai para a empresa, vai para o Carlyle”, alerta. 

Com isso, não se resolve os problemas que as empresas possuem, ou não dá a oportunidade de expansão, que em teoria é o principal diferencial de uma abertura de capital. “Se você tem como princípio fundamental no mercado de capitais como um instrumento de capitalizar as empresas, de repente uma empresa abre o capital e todo o dinheiro vai para o fundo. Se ela tem problema de caixa hoje, vai continuar com o problema de caixa”, diz. 

Barsi lembra dos problemas que a CVC, empresa fundada em 1972, tinha antes da entrada do Carlyle, que podem retornar sem boa gestão. “Quatro anos passados, a CVC vinha com problemas de caixa, você lia isso na imprensa. O fundo Carlyle comprou 51% das ações do dono (Guilherme Paulus) e continuou desenvolvendo operacionalmente a estrutura CVC. Hoje, não se sabe por que, o Carlyle chamou o Paulus para a empresa novamente”, salienta.

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Mesmo com mais de 40 anos de existência, a CVC é novata no ambiente de bolsa. “Você tem que esperar dois três, quatro anos para você ter um histórico. “É difícil você encontrar uma empresa nova que possa competir com uma antiga, em fundamento e histórico”, termina.