Copel ameaça romper contrato com Engevix para evitar atraso maior em usina

"Caso a Engevix se comprometa e demonstre que vai superar os problemas, a alternativa de continuar com eles não está descartada, mas diria que a alternativa de saída deles é muito forte", diz presidente da elétrica

Reuters

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Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) – A estatal paranaense Copel, uma das maiores elétricas do Brasil, tem travado uma disputa com a empreiteira Engevix e ameaça romper os contratos de fornecimento assinados com a empresa para a hidrelétrica de Colíder, que está sendo construída no Mato Grosso.

O presidente da unidade de geração e transmissão da Copel, Sérgio Lamy, disse à Reuters que o fornecedor não tem conseguido cumprir o ritmo esperado nas obras, alegando dificuldades financeiras, o que complicou a reta final da construção da usina, orçada em cerca de 2,2 bilhões de reais.

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A Engevix, atingida pelos desdobramentos da Lava Jato –operação da Polícia Federal que também processou a construtora– é a responsável pela entrega de equipamentos auxiliares e por serviços de montagem eletromecânica e construção de uma linha de transmissão associada à usina, que terá 300 megawatts em potência instalada.

“Caso a Engevix se comprometa e demonstre que vai superar os problemas, a alternativa de continuar com eles não está descartada, mas diria que a alternativa de saída deles é muito forte… pretendemos de fato terminar a usina o mais rápido”, disse Lamy.

Procurada, a Engevix não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

O presidente da Copel GT disse que a empresa pretende concluir as negociações com a Engevix até o próximo mês, para já em fevereiro retomar o ritmo das obras.

A empresa trabalha com um cronograma que prevê a entrada em operação em dezembro deste ano da hidrelétrica.

A data representa atraso de três anos em relação ao prazo original, o final de 2014, e de quase três meses ante a última projeção do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), colegiado de autoridades do governo que acompanha as obras de elétricas.

A última turbina da usina seria acionada em abril de 2018.

A Copel, no entanto, espera minimizar perdas financeiras com esse atraso da usina por meio de recursos junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), nos quais alega que houve atrasos fora do controle da empresa, como no licenciamento ambiental.

A companhia também espera reduzir impactos com negociações para descontratar parte da energia da usina, autorizadas pelo governo devido à queda do consumo registrada em meio à recessão brasileira, que deixou as distribuidoras de eletricidade com excesso contratação.

TRANSMISSÃO NO FOCO

Essa sobra de energia por parte das distribuidoras deverá praticamente zerar o espaço para novos investimentos em geração em 2017 e 2018, afirmou à Reuters o presidente da Copel GT.

“Então, nesse horizonte, estamos trabalhando fortemente em nosso posicionamento estratégico para transmissão”, disse o executivo.

De acordo com Lamy, a Copel tem estudado projetos para disputar os próximos leilões que irão ofertar a concessão para construção de novas linhas e subestações de transmissão de energia no Brasil.

“Vamos com um bom apetite… nossa participação vai ser relevante”, afirmou, sem detalhar.

O executivo disse ainda que a Copel espera se beneficiar de bons preços no mercado spot de eletricidade, ou mercado de curto prazo, uma vez que a empresa possui parte de sua energia descontratada.

Ele lembrou que na semana passada a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) aumentou a projeção de preços spot para 2017 devido a chuvas fracas no início do ano.

“A expectativa de preço no curto prazo para 2017 não é ruim, pelo contrário, é boa”, disse.

De acordo com Lamy, a Copel já negociou em contratos de longo prazo cerca de 85 por cento da energia disponível para 2017 e entre 60 e 65 por cento do total livre para 2018. Em 2019, a empresa tem entre 40 e 45 por cento da eletricidade já negociada.