Investimentos de impacto: como ter lucro fazendo o bem

Pode até soar estranho em um primeiro momento, mas essa é a definição mais simples do que são os investimentos de impacto

Equipe InfoMoney

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Autor:Glenda Ferreira, Economista e Planejadora Financeira da Levante!

Gerar lucro e fazer o bem. Pode até soar estranho em um primeiro momento, mas essa é a definição mais simples do que são os investimentos de impacto.

O conceito é recente e pouco difundido, por isso vale o adendo. Os investimentos de impacto vão além do cunho socioambiental. Incluem projetos de empresas, fundações, institutos e governos buscando aliar resultado econômico com a possibilidade de gerar impacto social positivo quantificável. Um exemplo: um fundo de investimentos que se propõem a alocar recursos em negócios com impacto social positivo em áreas como saúde, habitação e educação.

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Nada de filantropia ou caridade, a proposta aqui é diferente. São atuações que trazem algum benefício social ou ambiental sem deixar de lado um retorno financeiro interessante.

Nessa esteira, entram empresas que promovem inclusão financeira, microcrédito ou que abastecem de água potável regiões sem infraestrutura – a meta é levar a novos patamares em termos de atuação e alcance.

Eu, particularmente, sou a favor dessas causas. Conseguir ajudar ao próximo já é bom… Melhor ainda se der para ganhar dinheiro com isso. Gostaria de ter mais possibilidades de investimento com esse viés. Apesar de ser uma tendência mundial, no Brasil nem tudo é um mar de rosas.

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As pedras no meio do caminho

As pessoas físicas que optam por realizar investimentos sustentáveis ou de impacto se deparam com mais dificuldades do que facilidades. A começar pelos valores.

A maior parte das alternativas é dedicada a investidores qualificados (aqueles com ao menos R$ 1 milhão investidos), por meio de Fundos de Investimento em Participação (FIPs) – que aplicam em companhias em fase de desenvolvimento.

Dentro dessa categoria, apenas 0,13% foram destinados a empresas que visam investimentos de impacto, de acordo com a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap). Ou seja, os investimentos ainda são baixos.

Como ponto positivo, o que podemos observar é uma mudança de mentalidade entre os grandes herdeiros. Segundo uma pesquisa da Toniic (comunidade global para investimentos de impacto) feita em 26 países (incluindo o Brasil), 79% dos participantes entre 20 e 40 anos se consideram investidores de impacto, e outros 10% pretendem atuar no segmento.

Seria muito positivo ver uma mudança vindo do topo – de grandes famílias – que já tem condições para investir, disseminando a cultura para os demais. A ver.

Possibilidade

Quem não está neste quadrante conta com os green bonds. Comumente chamados de títulos verdes por aqui, são muito parecidos com títulos de dívida comuns. A diferença essencial é que só podem ser usados para financiar investimentos considerados sustentáveis – como infraestrutura de energia limpa e renovável, transporte verde e projetos capazes de reduzir emissões e o consumo de água, energia e matérias-primas.

Os principais emissores são corporações privadas, instituições supranacionais e bancos de desenvolvimento multilaterais. Historicamente, o fator que impulsionou o mercado mundial foram as emissões por empresas privadas. Em 2013, por exemplo, o mercado de títulos verdes foi triplicado.

No Brasil, essa filosofia de investimento ainda está engatinhando – observamos apenas cinco emissões de títulos verdes (bem-sucedidas, por sinal).

Enquanto isso, lá fora, vemos mais movimentações. Os países que prosperam nesse mercado contam com características semelhantes, como taxas de juros baixas, menor incerteza macroeconômica e menor risco de mercado, com títulos públicos que entregam níveis mais baixos de remuneração.

Além disso, a maior consciência com relação às questões socioambientais atrai a atenção de grandes gestores de ativos que buscam rentabilidade, reputação e benefícios compartilhados. Isso sem a necessidade de utilização de mecanismos de incentivos fiscais.

Mas e aqui?

Para auxiliar, a Febraban já até fez um estudo com os seis principais motivos para as dificuldades brasileiras com os títulos verdes:

  1. Os títulos públicos estão em patamar muito diferente dos corporativos;
  2. A baixa liquidez do mercado secundário no Brasil prejudica o desenvolvimento do mercado de títulos privados;
  3. O mercado de investidores é concentrado e há baixa participação de investidores pessoas físicas e estrangeiros;
  4. O processo de colocação de títulos verdes no mercado é extenso e possui um custo adicional (second opinion);
  5. Falta de incentivo para o underwriter (coordenadores) estruturar um papel verde em detrimento de uma debênture tradicional;
  6. Investidores percebem maior risco associado aos títulos verdes no caso de financiamento de um projeto de tecnologia nova – por não saberem qual será o desfecho.

Mas, ainda assim, quando pensamos em acelerar o processo de transformação da economia, o setor produtivo e mercado financeiro são pilares dessa mudança.

Não vemos o investimento na escala necessária e, pelo lado do governo, nem os pré-candidatos à presidência tocam no assunto de investimentos de impacto, nem sustentabilidade. Quais são as suas propostas mesmo?

Como já tenho falado, as empresas têm buscado novas formas de captação de recursos, especialmente via crédito privado. Uma dessas vertentes seriam os títulos verdes, que possibilitariam diversificação ao mesmo tempo que entregam benefícios socioambientais aos investidores. Para aí sim, em um momento de escolha de ativos com riscos e retornos semelhantes, a escolha poderia recair em qual das opções apresenta mais impacto.

Por ora, não contamos com essa possibilidade.