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O case de investimento de uma elétrica que mudou completamente em 3 dias – e tornou a aposta mais incerta

Em poucos dias, Light passou de case de virada operacional a de uma "história de venda" após anúncio da Cemig e posterior saída de CEO
Por  Lara Rizério
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – Na última quinta-feira (22), o Insight do Dia destacou a “grande jogada” realizada pelo governo de Minas Gerais através do anúncio da venda do controle da Light (LIGT3) pela Cemig (CMIG4), o que fez com que as ações LIGT3 disparassem cerca de 30% naquela sessão. 

A notícia, divulgada na última quarta (21), foi bastante bem recebida pelo mercado, que já fez as suas projeções sobre qual é o impacto da venda da Light para o estado mineiro e também sobre as operações da Cemig, levando a diversas mudanças de recomendações. De acordo com o Bradesco BBI, a venda do controle pode beneficiar os acionistas minoritários da Light, uma vez que há um grande interesse de diversas companhias em consolidar ativos de distribuição no Brasil. Vale ressaltar ainda que os acionistas da Light possuem direito de tag-along (isto é, o direito dos sócios minoritários receberam as mesmas condições do controlador em caso de venda) de 100%.

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Mas, se por um lado, os acionistas da Light comemoraram a notícia, um anúncio da semana passada significou um revés na companhia – e marcou a total virada no case de investimentos dela.

Bastante respeitada no mercado e conhecida por liderar a “virada” na companhia, a CEO da Light Ana Marta Veloso renunciou inesperadamente na última sexta-feira, dois dias após o anúncio da venda do controle pela Cemig.

O Bradesco BBI destaca que, enquanto o comunicado de imprensa da Light era bastante curto, notícias mencionaram que a decisão de Veloso pode ter sido motivada por: (i) desentendimentos com alguns dos acionistas da Light em relação às decisões da administração sobre a estratégia de refinanciamento da dívida; e (ii) a decisão da Cemig de vender o controle da Light, que também foi inesperada, já que há apenas algumas semanas ela havia dito que planejava vender apenas a unidade de geração da companhia – e não o seu bloco de controle. 

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Em relatórios, tanto o BTG Pactual quanto o Bradesco BBI apontaram que a notícia de sexta foi negativa, já que a CEO da Light estava no comando da reviravolta operacional (redução de perdas de energia elétrica e eletricidade). Segundo o Bradesco BBI, essa reviravolta pode retroceder facilmente se o foco for perdido durante a transição para uma nova liderança. 

De história de virada para “história de venda”

Para o BTG, a saída de Ana Marta aumenta o nível de incerteza do case de investimento, passando de uma história de “virada da companhia” para uma pura história de venda da fatia da companhia em poucos dias.

“Nossa visão otimista para o papel sempre foi baseada na capacidade da CEO de administrar os desafios da empresa. Agora, seguimos com recomendação de compra devido: (i) à expectativa de concretização do venda do controle da Cemig na companhia; e (ii) por acreditarmos que o negócio tenha mais de um interessado, trazendo potencial de alta para o preço”, afirmam Antonio Junqueira, Joao Pimentel e Gustavo Castro. O investimento, por sua vez, ficou mais arriscado, uma vez que eles esperam um grande “sell-off” se a venda não ocorrer.

Por outro lado, aponta o Bradesco BBI, no curto prazo, a Light continuará a se beneficiar da maior conquista da equipe de Ana Marta: a revisão tarifária inicial positiva negociada com o regulador, com um impacto total no fluxo de caixa a partir do segundo trimestre.

O que importa daqui para frente

Em meio a tantas notícias, no que o mercado está realmente de olho? Segundo o Bradesco BBi, o que importa agora é se a Cemig vai ou não se mover para vender rapidamente a Light.

“Embora pensemos que a alta alavancagem da Cemig não deixa nenhuma dúvida de que precisa vender ativos, é provável que a leitura inicial do mercado seja que a demissão da CEO tenha uma sombra de dúvida sobre a verdadeira intenção de alienar a Light”, afirmam os analistas do Bradesco BBI. Eles ressaltam que, após conversar com a Cemig na noite de sexta-feira, a avaliação é de que a Cemig entende que terá que nomear um novo CEO rapidamente, e terá que ser muito vocal sobre a tarefa de vender o controle da Light no curto prazo. 

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Em meio a esse cenário, o Credit Suisse pondera: ao mesmo tempo em que a saída de Ana Marta é vista negativamente pelos investidores, se houver de fato uma mudança no controle da Light, uma troca da gestão já seria provável de qualquer maneira. “Acreditamos que o otimismo causado por esse anúncio deve prevalecer, passada uma potencial reação inicial negativa”, afirmam os analistas do banco suíço. 

Assim, a análise é de que a renúncia da CEO foi negativa. Contudo, dependendo de se dará a venda da companhia pela Cemig, os investidores da Light ainda terão muito o que comemorar. 

 

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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