Lutando contra a crise: as mudanças de carteira da Leblon Equities para se proteger

Pedro Chermont, gestor e fundador da Leblon Equities, explica as mudanças que realizou na carteira do fundo para sobreviver à turbulência do mercado

Stéfani Inouye

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SÃO PAULO – Em tempos de crise, experiência e conhecimento sobre o mercado valem muito mais do que a apenas sorte. Com mais de 25 anos de presença no mercado, quando o assunto é experiência com crises, a Leblon Equities tira de letra.

Nesta segunda-feira (6), o gestor e fundador da Leblon, Pedro Chermont, foi o convidado do Coffee & Stocks, e contou algumas das estratégias que o fundo tem utilizado para controlar as perdas em tempos de grande instabilidade no mercado.

“É claro que nenhuma crise é igual a outra, mas todas seguem mais ou menos o mesmo padrão e, em algum momento, elas sempre acabam. O mercado é cíclico e funciona como uma caixa de ressonância que amplifica as emoções de todos. Logo, se está todo mundo apavorado, isso se reflete no mercado também”, explica Chermont.

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Segundo ele, a sensação de que os momentos de tensão são intermináveis é comum em toda crise, mas é preciso ter serenidade e acreditar que isso vai chegar ao fim.

“Esse é o momento de ser sereno, racional, entender as teses do portfólio e o que pode ser afetado e o que vai navegar bem, porque lá na frente as empresas vão recuperar sua lucratividade”, afirma Chermont.

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Mudanças estratégicas

Durante entrevista ao analista Thiago Salomão, Chermont também falou sobre mudanças que vinha realizando na carteira do fundo desde o início do ano. Segundo ele, o fundo já iniciou 2020 com uma posição em caixa um pouco maior, pois já não considerava fácil encontrar valuations muito atrativos.

“A primeira venda relevante foi em janeiro/fevereiro e vendemos uma parte de Via Varejo, entendendo que o mercado estava precificando o turnaround da empresa. No momento das crises agudas cai tudo junto, não só os países que têm fundamento bom como aqueles que têm fundamento ruim, e isso acontece com as empresas também”, diz.

Mas foi depois da eclosão da crise que as grandes mudanças na carteira do fundo aconteceram. “Vendemos toda a nossa posição em Via Varejo, vendemos Guararapes, e talvez a venda mais emblemática do fundo tenha sido a da posição de Lojas Renner, empresa que tínhamos em carteira desde 2008”, disse Chermont.

Por que vender?

A escolha de retirar Via Varejo da carteira não foi tomada de uma hora para a outra. Segundo Chermont, ele já vinha observando de perto as mudanças de gestão que vinham acontecendo no grupo, que aos poucos foram o convencendo de que vender era a melhor escolha.

“A decisão da empresa de fechar todas as lojas e manter apenas o e-commerce foi o principal pilar. E-commerce é relevante, mas não o suficiente para compensar a perda com o fechamento de lojas físicas. Fazer turnaround com loja fechando é um trabalho de Hércules e, com isso o risco aumentou significativamente”, afirmou Chermont.

No caso das Lojas Renner, a decisão não foi nem um pouco fácil. “Era uma ação que carregávamos no portfólio há 11 anos. No começo da crise, a empresa sentiu pouco, mas ela também está com as lojas fechadas. Não é fácil desligar a chave de custos e despesas em uma operação de varejo com as lojas fechadas e sem nenhuma mudança relevante na empresa”, disse.

Os possíveis impactos da crise sobre as empresas de varejo também pesaram na venda de ações da Guararapes. Chermont conta que a empresa negociava com um desconto relevante em relação à Lojas Renner, mas com risco semelhante.

“Acho que Lojas Renner vai sofrer, assim como acredito que todas as outras que não estão no mesmo patamar também irão. Guararapes está nesse pacote.”

Mas e as compras?

Quanto às compras realizadas pelo fundo no último rebalanceamento, Chermont contou que aumentou a concentração nas 5 maiores posições do fundo. Segundo ele, hoje, elas representam quase 50% do portfólio de renda variável da Leblon.

“A B3 é a maior posição do fundo com pouco mais 9% de participação, e acredito que uma das poucas que terá um crescimento de lucros significativo em 2020. Achamos que voltando a um cenário de normalidade, B3 vale R$ 50 mesmo com uma taxa de desconto elevada de 12%, que é a que usamos”, afirma, acrescentando que também aumentou sua posição em Banco do Brasil.

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Apostas de longo prazo

Questionado por Thiago Salomão sobre quais ativos ele teria pelo resto da vida, Chermont citou as americanas Amazon e Google, além da brasileira Suzano.

“Temos uma competitividade bastante grande nesse segmento de celulose e que vai sempre existir. Aqui no Brasil, temos água, Sol e terra fértil. As árvores aqui crescem de 5 em 5 anos, enquanto nos países nórdicos elas demoram cerca de 20 anos”, afirmou.

A entrevista com Chermont faz parte de uma série de conteúdos gratuitos do Stock Pickers em parceria com os maiores especialistas em ações do país.

Nesta segunda-feira, 04, às 18h, Pedro Chermont dará uma aula exclusiva sobre “As lições de Warren Buffett para vencer esta crise”, basta clicar aqui para garantir seu acesso gratuito.

Stéfani Inouye

Analista de conteúdo do InfoMoney, aborda temas ligados à educação financeira e mercado de ações.