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Quarta-feira passada, Donald Trump, o “laranjão” mais conhecido do mundo, anunciou a agenda de reciprocidade tarifária. O dia virou um feriado nacional, “Liberation Day”.
Parei para refletir, a onda de acontecimentos de lá para cá foi tão intensa, que parece fazer muito mais tempo que vivemos nesse inferno. Talvez você não esteja exatamente por dentro, deixe explicar melhor o que aconteceu:
Trump fez o anúncio de uma tarifa mínima de 10% a todas as importações feitas aos EUA, mas com alguns casos de taxas mais altas, como China e União Europeia. Alguns países já se colocaram a disposição de zerarem as suas tarifas contra produtos americanos, enquanto outros, como os próprios chineses, entraram com retaliações e aumentaram suas taxas em cima desses produtos.
Começamos a viver uma novela, um “ping-pong” de medidas. Essa tensão comercial fez com que as bolsas derretessem – nos EUA, mais de US$ 10 trilhões foram destruídos em valor de mercado das companhias.
Esse impacto é relevante para Donald Trump. O americano, o seu eleitor, possui uma parte considerável do patrimônio em bolsa de valores – quedas como essa o deixam mais pobre, o que afeta a sua reputação e aprovação.
Além disso, a confiança do consumidor também é afetada. Oras, se estou mais pobre, vou gastar menos, vou me preparar para o pior, não é?
E é exatamente isso que o americano já adotou. Começaram a estocar produtos, itens discricionários foram cortados da sua listinha de desejos no e-commerce.
O risco é criar um ambiente recessivo, que aumenta de probabilidade a cada dia nesses termos. A dúvida passa a ser a profundidade.
Tudo isso porque a guerra comercial, que começou com o “tarifaço” do Trump, mas deixou de ser global para se tornar uma briga entre EUA e China. A grande questão é:
Trump é idealmente mais fraco do que Xi Jinping, sem questões políticas aqui, mas o líder chinês não atua numa democracia e não sofre com pressão pública de suas medidas como o líder americano. Contudo, os EUA são mais fortes como economia em comparação a China.
Xi sabe disso, Trump também. Até por isso a saída foram os 90 dias de pausa anunciados pela Casa Branca dessa agenda.
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Foi uma válvula de escape para todo esse caos que passou a ferir “Mr. Donald”. Essas semanas de trégua serão fundamentais para que o maior dealmaker da história possa negociar com os países novas condições tarifárias.
É difícil dizer o que vai acontecer, definitivamente não será o fim do mundo, ao mesmo tempo, o equilíbrio disso pode ser ruim para os EUA. Muitas dúvidas, poucas respostas.
Pensar que todo esse enredo parte de dois adultos.
