O aquecido mercado de veículos pesados

Apesar de também sofrerem com a falta de semicondutores, o maior problema do setor é não conseguir atender a demanda superaquecida por caminhões e ônibus

Raphael Galante

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Caros leitores, digníssimas leitoras: se o mercado de carros novos vem apanhando mais do que boneco da “Malhação de Judas”, o setor de veículos pesados, focando mais em caminhões e ônibus, está rindo à toa!

Isso não quer dizer que eles não estão passando por perrengues, assim como o pessoal de autos. Falta semicondutores? Falta! Mas o maior problema que eles têm hoje é conseguir atender à demanda – que se encontra super aquecida.

Segundo o pessoal de algumas montadoras, em alguns casos eles já não estão mais aceitando pedidos. O comentário que recebemos é que a fila de produção se encontra tomada até março/abril do ano que vem. Ou seja, o sofrimento deles é aquele “sofrimento bom”!

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E qual foi resultado do setor neste ano?

Em setembro, houve a venda de 12,7 mil caminhões e ônibus, um crescimento de 49% sobre o mesmo período do ano passado, quando 8,5 mil veículos foram comercializados.

No acumulado deste ano, o setor ultrapassou a marca dos 100 mil veículos vendidos. Tivemos 106,5 mil emplacamentos contra 75,8 mil sobre o mesmo período do ano passado, evolução de 46,4%.

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Na verdade, o resultado de 2021 é o melhor dos últimos sete anos!

O interessante do mercado de veículos pesados é que ele é altamente cíclico. O que estamos presenciando hoje é um “pré-buy” do frotista, tendo em vista que em 2023 entrará em vigor a obrigatoriedade dos novos motores – mais eficientes (e menos poluentes) – devido ao P8.

Esse período de bonança deverá ser a tônica de todo biênio 2022-23. E depois, devemos entrar num ciclo de terra arrasada, como foi logo na sequência do último ciclo virtuoso no setor.

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A previsão para o setor de pesados é a de que ele encerre o ano com um volume de vendas oscilando entre 145 a 150 mil unidades, um crescimento médio de uns 45% sobre o ano passado, quando foram vendidas 103,7 mil unidades de caminhões e ônibus. Esse número também representa um crescimento de cerca de 21% sobre o ano de 2019, o último “ano normal”, quando foram vendidas 122,3 mil unidades.

E mesmo a gente vivendo no Brasil, com o seu (des)governo e sua “jenial” política econômica, o setor de pesados se destaca!

O setor de implementos rodoviários (leia-se Randon), deverá encerrar o ano com volume próximo a 96,5 mil unidades vendidas, um crescimento de 42% sobre 2020. Já as vendas de máquinas agrícolas devem ter crescimento de 21% no ano, totalizando 56 mil unidades comercializadas.

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Além disso, existe a linha amarela (em geral, máquinas para construção civil), um segmento que é pouco falado! O setor deverá encerrar esse ano com crescimento próximo a 30%. Marcas como a JCB (top 3 do mercado) deverão encerrar o ano com crescimento de 50% – e já projetam um 2022 com novo crescimento, de 20%.

É mole??

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva