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Venture capital e startups no Brasil: antes e depois da pandemia

A transformação cultural gerada pela pandemia atingirá todos os ramos. Cabe a cada empreendedor mapear o “novo normal” em sua indústria para poder se preparar melhor para as oportunidades sem precedentes que estão surgindo
Por  Matheus Tavares dos Santos -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Na última década, o ecossistema de startups no Brasil passou por um boom. Em 2019, foram US$ 2,7 bilhões em investimentos, quantia quarenta vezes maior que os US$ 66 milhões aplicados em 2011.

Até o início de 2018, o Brasil não tinha nenhum unicórnio. Hoje, o país está entre os seis com o maior número de startups com valuation acima de US$ 1 bilhão. Apenas em 2019, o Brasil foi o terceiro maior gerador de unicórnios do ano, atrás apenas da China e dos EUA.

O Brasil se tornou um dos maiores early adopters de tecnologia no mundo: o país possui a maior userbase do mundo no WhatsApp, a segunda maior no YouTube e no Twitter e a terceira maior no Facebook, Instagram, Linkedin e Netflix.

Isso aconteceu ao mesmo tempo em que o e-commerce cresceu quase dez vezes em apenas 5 anos, mesmo levando em consideração o fato de que uma a cada três pessoas no Brasil não tem smartphone.

Maiores, mais Rápidas e Globais

As startups brasileiras também estão tornando-se cada vez mais globais. A brasileira Gympass lidera o mercado não só no Brasil, mas também nos EUA e na Europa, enquanto o Nubank se expande por toda América Latina.

Isso fica ainda mais claro quando verificamos que, em busca de maiores valuations, essas startups preferem listar suas ações fora do Brasil. A Stone e a XP listaram suas ações na Nasdaq e a PagSeguro registrou-se na NYSE, todas ignorando uma listagem nacional.

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Além disso, as startups brasileiras crescem a um passo cada vez mais acelerado, mostra relatório da McKinsey: fundado em 2014, o Nubank levou 40 meses para alcançar 1 milhão de usuários; em 2016, o Banco Neon levou apenas 24 meses; já em 2019, o C6 Bank levou 6 meses para alcançar tal marca.

Assim, o perfil das maiores empresas do país vem gradualmente se transformando.

Enquanto o valuation das 10 maiores empresas tradicionais do Brasil caiu 30% na última década, as 10 maiores empresas de tecnologia aumentaram seu valor em 220%.

Empresas como XP, Stone, PagSeguro, Nubank e Banco Inter possuem um valuation superior a US$ 60 bilhões, cerca de R$ 310 bilhões.

Inegável, e não reconhecido, potencial

Em 2019, os investimentos em startups representavam apenas 0,12% do PIB brasileiro. Embora dez vezes maior que a taxa de 2012, essa quantia ainda é baixa quando comparada a países como EUA, China e Israel, que possuem, respectivamente, 0,6%, 0,33% e 0,99% de seus PIBs sendo investido em startups.

Coronavírus: negativo no curto prazo, benéfico ao longo

Em uma pesquisa da Atlantico Partners com 350 CEOs de startups e empresas, apenas 13% disseram que vão conseguir aumentar suas receitas mesmo com o coronavírus, enquanto 15% estimam uma queda de mais de 50%.

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Diante desse cenário, em que 46% das startups ou cancelaram seu round de investimento, ou viram investidores desistirem de rounds já em andamento, o principal foco delas é a sobrevivência.

Uma vez que o caixa terá que ser mantido por um período mais longo do que o inicialmente planejado, dado os rounds não consolidados, mais da metade dos CEOs pretenderam congelar o recrutamento, e 61% pretendem renegociar contratos com o objetivo de diminuir o burn e conservar caixa para prolongar a existência da startup.

Apesar das dificuldades, o cenário para o longo prazo pode ser otimista

Toda crise gera grandes transformações. Em 2008, por exemplo, modelos de negócios de shared e gig economy, como Uber e Airbnb, tornaram-se possíveis à medida que o desemprego e a necessidade de fontes alternativas de renda fizeram-se realidade.

No contexto da atual crise, por sua vez, a rápida transição para o mundo online é a principal mudança de paradigma. Para ilustrar, tem-se o caso da Caixa Econômica Federal, que se propôs, em meses, a abrir 30 milhões de contas bancárias digitais para distribuir o auxílio emergencial.

Mesmo que muitos desses recipientes potencialmente não tivessem smartphone, ou até mesmo uma conta bancária, o evento desencadeou um incentivo enorme de se digitalizar.

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Isso também vale para diversos outros ramos forçados a se digitalizar diante de tais mudanças. Esse tipo de transformação levaria anos, talvez décadas, para se concretizar em um cenário normal.

Com o consumidor final se tornando mais digital, a penetração de soluções digitais aumentará, e o custo de aquisição de novos clientes diminuirá, à medida que a tecnologia deixa de ser uma barreira estrutural.

As empresas, também, se tornarão mais eficientes e flexíveis. Das startups até as companhias tradicionais, elas tiveram que se adaptar à tecnologia e suas estratégias diante da crise. Com as demissões, foram forçadas a ser mais eficientes na alocação de seus recursos.

Isso não exclui a realidade de que o curto prazo é, para a maioria, assustador. Mas a transformação cultural gerada pela pandemia atingirá todos os ramos.

Cabe a cada empreendedor – em seu ramo específico – mapear o “novo normal” em sua indústria para poder se preparar melhor para as oportunidades sem precedentes que estão surgindo.

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Matheus Tavares dos Santos Matheus é analista de investimentos em fundos de hedge na maior asset management do mundo. Em cargos anteriores, ele foi trabalhou em um fundo de Venture Capital com foco na América Latina e teve experiencias em bancos brasileiros e norte-americanos assim como na bolsa de valores brasileira.

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