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Onde Investir em 2016?

Pra quem tem recursos no exterior, qual são as melhores estrategias de investimentos para 2016?
Por  Livia Mansur
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

O índice S&P500, que representa as 500 maiores empresas listadas em bolsa nos EUA, terminou o ano de 2015 com uma queda de 0.73%. Foi a pior performance desde 2008, quando o índice teve rentabilidade negativa de 38.49%. Já na Europa, os benefícios dos estímulos econômicos do Banco Central Europeu refletiram em boas performances nas bolsas em 2015, com a bolsa da Alemanha (DAX) subindo 9.5% e a bolsa da França (CAC 40) subindo 8.5%. Sem a mesma forma de estímulo, a bolsa da Inglaterra (FTSE 100) caiu 4.9%. Na China, também com a ajuda do governo para segurar a queda da bolsa no segundo semestre, o Índice Shanghai Composite  fechou o ano com alta de 9.4%, enquanto que a bolsa japonesa (Nikkei225) terminou 2015 com alta de 9.1%, depois de um ano com várias divulgações de ajuda de estímulo para a economia local.

Apesar da rentabilidade tímida, o ano de 2015 para o mercado de ações foi bem intenso decorrente da grande volatilidade (vide gráfico abaixo). Não faltaram motivos para tirar o sono do investidor, tais como: queda abrupta no preço do petróleo, desaceleração da economia chinesa, questões politicas na América Latina, dentre outros. A Grécia, que parecia esquecida, também voltou ao centro das atenções em 2015 com renuncia aos programas de austeridade e muita turbulência política. Até mesmo a Suíça agitou os mercados, ao anunciar o fim da ancora cambial com o Euro. E por falar em moedas, a China também desvalorizou a moeda em 2015. E assim seguiram se desvalorizando a maioria das moedas, com o Dollar Index (US Dólar contra cesta de moedas globais) se valorizando 9.26% em 2015.

Uma das maiores razões para a tímida performance da bolsa dos EUA em 2015 foi o também tímido crescimento dos lucros das empresas. Contribuíram negativamente para isto principalmente as empresas de energia (queda no preço do petróleo) e de comodities (queda na atividade de mineração e nos preços dos metais), bem como empresas que tem grande exposição fora dos EUA. A propósito, cerca de 30% da receita das empresas que compõe o S&P500 vem de fora dos EUA. Não somente estas receitas tiveram crescimento negativo, bem como o dólar forte não colaborou para a “importação” deste montante para os balanços em dólares americanos.

Empresas como WalMart, Tiffany, Gap, Avon, YUM Brands, Ford, Procter & Gamble, entre outras, são exemplos de empresas com performance negativa em 2015. Por outro lado, empresas com exposição baixa para mercados fora dos EUA se beneficiaram do crescimento econômico, tais como Kroger, Home Depot, Wendy’s, e Wells Fargo.

A natureza humana tende a condicionar a transição do ano-calendário com a necessidade de mudanças de cenário. Funciona mais ou menos assim: na noite do dia 31 de dezembro, como num passe de mágica, apagam-se as notícias ruins do ano que termina, e o ano que inicia vem repleto de esperanças positivas. Mas a realidade é bem diferente, e 2016 parece que vai ser um ano no mínimo igual, ou pior que 2015 em termos de volatilidade. Os temas de 2015 não foram resolvidos, tudo indica que muitos destes temas continuarão em destaque em 2016. São eles:

1- O preço do petróleo deve continuar caindo rumo aos $30 por barril, com o Iran aumentando o fornecimento de  petróleo no mundo, e a Arábia Saudita se recusando a cortar produção. Isto deve deteriorar ainda mais a situação já caótica das empresas ligadas a região do Shallow Oil.

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2- Na China, a economia deve continuar apresentando sinais de desaceleração, crescendo 5% em 2016, podendo piorar mais do que o previsto devido a possíveis problemas no sistema financeiro (alta taxa de inadimplência no setor). E a moeda Chinesa deve ser reajustada sucessivamente em relação ao dólar americano (rumo aos 7.00 CNY/USD), a fim de estimular as exportações.

3- Na América Latina, o poder de recuperação da economia dos países permanece incipiente, embora as bolsas locais e as respectivas moedas já estejam precificando este cenário.

4- Na Europa, o debate a favor do nacionalismo volta a ser tema de destaque, com o aprofundamento da crise dos refugiados dos países islâmicos, gerando mais pressão sobre a continuidade da zona do Euro no longo prazo.

5- Nos EUA, alem das incertezas relacionadas o ciclo de aumento de juros do Fed, as incerteza política relativas as eleições deverão confundir as expectativas dos investidores.

Considerando todos esses aspectos, para 2016, a recomendação permanece a mesma: investir em empresas com baixa exposição fora dos EUA. Os nossos setores preferidos são:

1- Tecnologia, pelo crescimento diferenciado;

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2- Farmacêutico, pois encontra-se atrativo do ponto de vista de valuation depois do sell-off motivado pelas declarações da pré-candidata Hillary Clinton dizendo que pretende intervir nos preços dos remédios caso seja eleita;

3- Consumo e varejo, pelo aquecimento da economia americana. Mas neste caso as oportunidades estão atreladas a empresas que consigam manter as margens de lucro no mínimo estáveis e atenção para possível aumento de custos com salários, pode ser um fator decisivo na manutenção das margens de lucro nas empresas.

4- Financeiro, que é beneficiado pelo aumento de juros que significam aumentos de spreads bancários. O que deve beneficiar o setor nos próximos 2 anos.

Onde não investir em 2016? Em empresas de energia, pois podemos presenciar algumas quebras no setor, e empresas de metais e mineração, pois o ciclo de baixa demanda global deve continuar por pelo menos mais 2 anos, não existe razão para acreditar em melhora no curto prazo.

Em resumo, em 2016 não recomendo investir na bolsas ou índices genéricos, mas em empresas, ou setores específicos.  A volatilidade deve continuar, e com ela, virão algumas oportunidades de investimentos. Por isso, fasten your seat-belts, and enjoy the ride!

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Livia Mansur Livia Mansur é especialista em alocação de recursos de clientes de alta renda com mais de 12 anos de experiência. Hoje mora em Miami e atua no mercado financeiro internacional.

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