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Banco Central Suíço e o câmbio

O maior hedge fund do mundo, também conhecido com Swiss National Bank (SNB, ou Banco Central Suíço), está vendendo ações. E, como o plano dos Bancos Centrais não funciona, eles dobram a aposta, ou seja, fazem mais do mesmo que não funciona. É atribuída a Einstein a frase “loucura é fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes“. Segundo essa definição, os BCs levam a medalha de ouro.
Por  Marcelo López
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O maior hedge fund do mundo, também conhecido com Swiss National Bank (SNB, ou Banco Central Suíço), está vendendo ações.

O SNB é o responsável pela emissão de moeda suíça. Ele cria francos do nada e os utiliza para compra de outra moeda, também criada sem lastro algum, o euro. Com isso, o SNB tenta impedir a valorização do franco em relação ao euro.

E, depois de comprar a moeda oficial dos vizinhos europeus, o SNB então diversifica, investindo em ativos pelo mundo inteiro. No final do ano passado, a exposição do SNB em ações era de US$92 bilhões (um aumento significativo com relação aos US$63 bilhões no final de 2016). Essa exposição vem subindo trimestre após trimestre, mas algo mudou recentemente.

No último trimestre (o primeiro de 2018), a exposição a ações do SNB caiu para US$82 bilhões, uma redução de mais de 10%. Isso aconteceu no mesmo período que o franco suíço caiu para cerca de 1,17 por euro. Claro, as taxas de juros negativas ajudaram bastante. Hoje, na Suíça, a taxa básica está em cerca de -0.75% a.a., ou seja, o investidor tem a garantia de perder pelo menos 0,75% do que investir – sem dúvida, uma proposta sedutora.

Nessa corrida para o fundo do poço, perdem todos. Taxa de juros negativa era algo impensável há alguns anos, nunca ocorrida nos três mil anos de história econômica de que se tem notícia e representa um enorme desafio à sensatez e aos pilares da matemática financeira. Ao invés de conseguir com que as pessoas gastem mais seu dinheiro e, com isso, façam a economia rodar, os Bancos Centrais tem conseguido exatamente o inverso: maior poupança por parte dos agentes econômicos.

Isso não é difícil de se imaginar, já que os maiores poupadores são aqueles com mais idade, perto da aposentadoria. Como a taxa de juros é muito baixa ou até mesmo negativa, eles têm se esforçar para poupar cada vez mais e, assim, poder juntar alguma coisa.

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E, como o plano dos Bancos Centrais não funciona, eles dobram a aposta, ou seja, fazem mais do mesmo que não funciona. É atribuída a Einstein a frase “loucura é fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. Segundo essa definição, os BCs levam a medalha de ouro.

O caso do Japão é impressionante. Estão tentando fazer a mesma coisa há mais de 20 anos e o resultado é o mesmo. Como não funciona, eles aumentam a dose. O BC japonês é o maior detentor de ações no Japão via ETFs (Exchange Traded Funds). A insanidade dos BCs não tem limite.

Não vou nem discutir o lado ético do modus operandi dos Bancos Centrais, mas só de ver o lado financeiro, sabemos que a coisa não funciona. Estão criando um risco moral absurdo para os mercados e o fim não será feliz. É hora de ter cuidado com os recursos, investir em bônus curtos de empresas de primeira linha, ações de empresas sólidas e com balanços robustos, ter alguns seguros (commodities, especialmente o ouro) e manter uma posição em caixa para aproveitar futuras barganhas que certamente virão.

Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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