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O dilema da inovação: quando novas tecnologias levam empresas ao fracasso

Focar somente em inovações que prometem maior retorno, e em melhorias que seus melhores clientes solicitam pode ser justamente a razão de seu fracasso
Por  IFL - Instituto de Formação de Líderes -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

*Por Eduardo Miki Watanabe

“Por que é tão difícil manter o sucesso?” Essa foi a pergunta que inspirou Clayton Christensen a escrever o clássico O dilema da inovação (originalmente publicado em 1997) em que ele explica a teoria da inovação disruptiva. Clayton Christensen é professor da Harvard Business School e é mundialmente conhecido pelos seus estudos sobre inovação dentro de grandes empresas.

Em sua pesquisa, Christensen concluiu que empresas de sucesso fracassam justamente porque aplicam dois princípios de boa gestão ensinados nas escolas de negócio: i) as empresas devem sempre ouvir e reagir às necessidades de seus melhores clientes, e ii) as empresas devem focar seus investimentos nas inovações que prometem maiores retornos.

Apesar de serem práticas comuns, são justamente esses dois princípios que levam as empresas ao fracasso. E esse é o dilema da inovação: fazer a coisa certa leva as empresas ao fracasso. E elas fracassam devido às inovações disruptivas causadas pela tecnologia.

Entendendo a inovação disruptiva

Em sua teoria, Christensen distingue entre dois tipos de inovação tecnológica: as sustentáveis e as disruptivas. Inovações sustentáveis são aquelas que melhoram o desempenho dos produtos existentes. São as inovações valorizadas pelos clientes e que podem ser previstas pelos especialistas. A maior parte das inovações são de natureza sustentável.

Um exemplo de inovação sustentável são as melhorias de processadores e câmeras dos smartphones que são lançados anualmente.

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Já as inovações disruptivas são aquelas que trazem uma proposta de valor diferente daquela dos produtos existentes. No início, esse tipo de inovação apresenta desempenho e margem inferiores ao dos produtos existentes, porém apresenta funcionalidades que despertam o interesse de clientes de outros mercados.

Com o tempo, os novos produtos obtêm desempenho superior e passam a ser preferidos pelas indústrias tradicionais que rompem com os produtos existentes porque não conseguem competir com as novas funcionalidades dos primeiros.

Considere o caso do iPhone e Blackberry em 2007. Quando o iPhone foi lançado, tinha uma qualidade inferior em ligações, na vida útil da bateria, no consumo de dados, sem falar na questão de segurança. Os CEOs da Blackberry da época até comentaram no lançamento do Iphone que ninguém compraria um produto inferior.

Contudo, o iPhone possuía um design inovador com uma tela sensível ao toque, além de ter criado uma plataforma que conectava os desenvolvedores dos aplicativos com seus usuários. Quando o iPhone melhorou seu desempenho nas outras funcionalidades, a Blackberry não conseguiu se adaptar rapidamente e virou história.

As inovações disruptivas são provavelmente a causa da “destruição criativa” observada pelo economista Joseph Schumpeter como principal motor do progresso econômico já na década de 1950.

Porque empresas de sucesso fracassam

Ao contrário do que se imagina, as empresas de sucesso não fracassam por não observarem as tendências das inovações disruptivas. Geralmente, são as primeiras a identificá-las. Empresas de sucesso fracassam justamente pela forma como são desenhadas. Como a inovação disruptiva advém de produtos com pior desempenho e margem que só satisfazem clientes de mercados menores, tendem a ser descartadas por não apresentarem um retorno satisfatório.

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A falha na avaliação das inovações disruptivas se dá principalmente pelo fato de que mercados que ainda não existem não poderem ser avaliados. Projeções de tamanho de mercado e análises financeiras normalmente se baseiam em dados inexistentes para mercados que ainda serão criados pelas inovações disruptivas. Ainda no exemplo Blackberry-iPhone. O iPhone criou primeiramente smartphones para o mercado de massa, para só depois dominar o mercado corporativo (até então dominado pelo Blackberry).

Outro ponto é que executivos de empresas de sucesso não são incentivados a correr riscos, pois são medidos por seus resultados de curto prazo. Quando defendem um projeto que não obtém sucesso (pelo menos no curto prazo), são mal avaliados por seus gestores. E o fracasso é parte inerente do processo de disrupção, pois não há como prever de onde novas tecnologias e novos mercados virão.

O que as empresas de sucesso poderiam fazer

A forma mais eficiente de se defender das inovações disruptivas é criar uma organização separada para ter foco em possíveis inovações. Essa nova organização deve ter os valores de uma empresa empreendedora, com flexibilidade de processos e recursos necessários para cometer erros, pois quando o assunto são inovações disruptivas uma coisa é certa: em algum momento, você vai errar.

O mais importante é aprender com a experiência e fazer as mudanças necessárias para obter sucesso.

*Eduardo Miki Watanabe é associado do IFL-SP. Graduado em engenharia mecânica pela Poli-USP e com MBA pela Tuck School of Business, Eduardo iniciou sua carreira em consultoria e atualmente atua como gerente de Inteligência Artificial e Analytics na QMC Telecom

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