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A COP 30, que será realizada em Belém, no coração da Amazônia, já se tornou um dos temas mais quentes do debate público no Brasil. O evento promete colocar o país no centro das discussões climáticas globais.
No entanto, o sentimento nas redes sociais está longe de ser unânime. A polarização é a palavra-chave que define a conversa.
Para entender a temperatura desse debate, mergulhamos nos dados do Claritor, que monitora a percepção pública sobre a COP 30. O cenário é de alta polarização, com os seguintes dados gerais:
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- Volume Total de Menções: 6.171 nos últimos 90 dias.
- Reputação Online (Mar Aberto): 5.1 (em uma escala de 0 a 10), indicando um equilíbrio tênue entre o positivo e o negativo.
A divisão de sentimentos é o que mais chama a atenção, mostrando que a conversa está dividida em três blocos quase iguais:
- 2.053 menções positivas (33,3%)
- 2.189 neutras (35,5%)
- 1.929 negativas (31,2%)
É um equilíbrio perigoso para um evento que busca consenso.
O X/Twitter como termômetro da polarização
O X/Twitter, como principal palco do debate (concentrando 98% das menções), amplifica essa polarização. Com 6 mil menções na plataforma, o volume de menções positivas (1.9k) e negativas (1.9k) se iguala.
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As menções neutras (2.1k) lideram por uma pequena margem. É no X/Twitter que a opinião pública se manifesta com maior fervor.
A análise de outras fontes mostra que o sentimento positivo é de apenas 39% no Instagram. Já o sentimento neutro domina nos Sites de Notícias (46%), indicando que a imprensa adota uma postura mais cautelosa.
Apesar do equilíbrio no volume, o engajamento e o alcance potencial das menções negativas são notáveis. A média de visualizações por menção negativa (2.215,3) é quase a mesma das positivas (2.306,6).
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O engajamento médio das negativas (98,2) também é muito próximo do positivo (107,4). Isso sugere que as críticas e a insatisfação estão encontrando um eco significativo na rede, sendo impulsionadas por perfis com grande alcance.
O alcance potencial total das menções no X/Twitter é de 9.3 milhões de visualizações, com 46.7 mil retweets e 202.7 mil favoritos. Esses números demonstram a relevância do tema.
O que está por trás do “sim” e do “não” da COP 30?
As nuvens de palavras e as análises de sentimento do Claritor revelam as duas faces da moeda da COP 30.
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Os posts positivos destacam a importância do evento, a participação de líderes mundiais e o foco em soluções práticas. As palavras-chave que dominam essa narrativa são:
- conscientização
- compromisso
- colaboração
- sustentabilidade
- iniciativas positivas
- ação climática
- engajamento
Há uma percepção de progresso na luta contra a mudança climática, com menções a eventos e iniciativas de sustentabilidade.
Por outro lado, a insatisfação é forte e multifacetada. As críticas se concentram na hipocrisia do governo e na questão da segurança.
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Há menções ao uso de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para proteger estrangeiros. A crise de infraestrutura em Belém e os custos elevados de hospedagem também são pontos de crítica.
As denúncias de superfaturamento nas obras geram um sentimento de descontentamento generalizado, resumido nas palavras-chave:
- superfaturamento
- improvisação
- crise
- descontentamento
- hipocrisia
- segurança
- desperdício
A análise das menções recentes reforça essa dualidade. De um lado, o próprio Presidente Lula destaca a preparação da cidade: “Chegamos a Belém. O aeroporto está de cara nova: ampliado e preparado para receber as delegações da COP30. Em poucos dias, receberemos aqui chefes de Estado de todo o mundo para a Cúpula de Líderes.” (Score 8).
De outro, menções de baixo score e alto alcance criticam a situação: “Desenvolvimento sustentável Lula? Só se for pros aliados! 🤡 A COP30 vai deixar mesmo é sustentável o bolso de quem vive de discurso verde.” (Score 2).
Outras menções negativas de alto impacto incluem críticas internacionais, como a da Reuters, que destacou a operação policial mais letal do Rio de Janeiro dias antes do evento. Há também o questionamento de um usuário sobre a ausência de representantes dos EUA, sugerindo um possível desinteresse internacional.
O dilema da Amazônia: palco global vs. realidade local
A COP 30 é, inegavelmente, uma oportunidade histórica para o Brasil e para a Amazônia. A chance de sediar um evento dessa magnitude em Belém coloca a floresta e seus desafios no centro do debate global.
No entanto, os dados do Claritor mostram que a percepção pública está atenta ao contraste entre o discurso de sustentabilidade e a realidade da execução.
A palavra “hipocrisia” na nuvem de palavras negativas não é um mero detalhe. Ela encapsula a crítica de que o foco na imagem internacional estaria ofuscando problemas internos graves, como a segurança pública e a gestão de recursos.
O alto engajamento das menções negativas, que trazem à tona temas como “crise” e “superfaturamento”, sugere que a população está cobrando transparência e responsabilidade na condução do evento.
A COP 30 tem o potencial de ser um marco na história da ação climática. Mas, para que o legado seja positivo, o governo precisará não apenas entregar um evento impecável para os líderes mundiais.
É preciso também responder às preocupações da população, garantindo que o “desenvolvimento sustentável” não seja apenas um discurso para os aliados, mas uma realidade para os moradores de Belém e de toda a Amazônia.