Cuba está virando um país capitalista graças ao dinheiro do Brasil?

Governo de Raúl Castro pretende instalar ZEEs assim como Deng Xiao Ping fez na década de 70, na China

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – O governo de Dilma Rousseff foi duramente acusado de estar transformando o Brasil em um país socialista ao importar milhares de médicos cubanos para atuar no sistema público de saúde. Com a nação de Fidel Castro e a Venezuela como grandes expoentes, o Brasil estaria “ameaçado” pelo velho fantasma do comunismo – que aterroriza os países desde o século XIX. 

Errado. Antes que o Brasil se torne socialista é mais provável que Cuba venha a se tornar a mais nova economia de mercado do continente americano – e com a decisiva influência brasileira. A começar pela constituição cubana, que nos últimos anos erradicou a linha que pregava igualdade absoluta entre as pessoas – um ideário comunista – e passou a falar apenas em “igualdade de condições”, uma leitura mais social-democrata. 

Agora, o governo de Raúl Castro, que “herdou” a ilha de seu irmão em 2009, pretende instalar ZEEs (Zonas Econômicas Especiais) – assim como Deng Xiao Ping fez na década de 70, na China. Isso faz com que Cuba comece a adotar o lema do gigante asiático de “um país e dois sistemas”. 

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A primeira zona deverá ser instalada na província de Artemisa, bastante próxima de Havana, capital do país. É lá que se encontra o Porto de Mariel, que foi renovado com investimentos brasileiros que totalizaram US$ 900 milhões – sendo que US$ 640 milhões vieram de um empréstimo do governo petista. Esse porto começa a funcionar em dezembro.

A ideia do governo de Raúl Castro é que a região seja transformada em uma zona de trânsito de mercados e contâiners. Além disso, espera-se que sejam instaladas fábricas e indústrias. Tudo isso é fruto de uma nova lei, elaborada a partir de “experiências nacionais e internacionais”. 

Haverá, nestas regiões, um regime especial de condições trabalhistas, na qual o trabalhador será remunerado de acordo com sua produção e qualidade dos produtos. Assim, espera-se um aumento em relação ao pagamento médio do restante da ilha – o que deve colaborar para atrair mais trabalhadores para a região. E parte dos brasileiros com medo dos médicos de lá. 

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