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Neste final de ano, fuja da Previdência Privada

Previdência complementar à previdência social, dedução do Imposto de Renda, flexibilidade na hora de resgatar a renda e investimento de baixo risco. Estes são alguns dos argumentos na hora de vender um plano de Previdência Privada. E as vantagens acima parecem ser as poucas e únicas oferecidas nesta modalidade de investimento.
Por  Edgar de Sá
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Escrevo este texto após ter recebido uma ligação da gerente da minha conta. Ela entrou em contato para me oferecer um investimento em Previdência Privada, mais precisamente na modalidade PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre). Dentre as “vantagens” citadas por ela, creio que somente estas quatro, previdência complementar à previdência social, dedução do Imposto de Renda, flexibilidade na hora de resgatar a renda e investimento de baixo risco, valem a pena serem citadas.

 Ainda assim, numa análise não tão aprofundada, é possível perceber que as “vantagens” citadas por ela, e pela maioria dos agentes de vendas deste produto, não assim tão vantajosas quando analisamos os “contras” desta modalidade de investimento. Vamos analisar as “vantagens” do produto e elencar algumas desvantagens que me fazem, há anos, fugir deste tipo de investimento e que, provavelmente, também te afastará das ciladas impostas pela Previdência Privada:

Previdência complementar à previdência social – de fato o contribuinte brasileiro não deve confiar sua aposentadoria apenas à previdência social, são inúmeras as razões para isso. As principais são: baixo valor pago e a sempre iminente falência da previdência social. No entanto, a previdência privada com suas altas taxas de administração, carregamento e de saída, além de investimentos conservadores, tem apresentado, historicamente, baixa rentabilidade, fazendo com que em algumas oportunidades alguns destes fundos rendam até mesmo menos do que a Poupança. Outras modalidades de investimentos, seja de Renda Fixa ou Variável, mostram-se mais rentáveis no médio/longo prazo do que o investimento em Previdência Privada.

Dedução do Imposto de renda – é a principal “vantagem” usada pelos agentes de vendas destes produtos quando o ano está chegando ao fim. No entanto, a tal “vantagem” vale a pena somente para a modalidade PGBL, e nem é assim tão vantajosa. Os impostos cobrados na previdência privada tornam esse investimento pouco vantajoso em curto prazo. Por conta da tributação diferenciada, Progressiva (de zero a 27,5%) ou Regressiva (de 35 a 10%), a previdência não pode ser vista como uma aplicação de curto ou médio prazo. Das duas modalidades de planos de previdência oferecidas no mercado, o PGBL permite que se abata o valor das aplicações no fundo num valor de até 12% da renda tributável, enquanto que o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) não permite esse abatimento. Acontece que o benefício do PGBL só é válido para quem faz a declaração completa do IR, e pode nem ser vantajosa até mesmo para quem escolhe esta modalidade, uma vez que, para aproveitar adequadamente o benefício, o investidor deveria destinar à previdência o montante que deixa de pagar de imposto anualmente, o que reduz ainda mais a incidência do IR e aumenta seu saldo ao final do período de acumulação. O investidor da modalidade PGBL, precisa ter em mente que o benefício é apenas um adiamento do pagamento do IR, e não isenção. Sendo assim, quem fizer um PGBL e usar a declaração simples vai pagar o IR duas vezes. Isso porque na hora de resgatar os recursos no futuro, a alíquota de IR incide sobre todo o montante acumulado no PGBL, enquanto que, no VGBL, incide apenas sobre os rendimentos. Enfim, a regra da “vantagem” não é simples e certamente não abrange e nem beneficia todos os investidores que escolhem a Previdência Privada como forma de acumular riqueza.

Flexibilidade na hora de resgatar a renda – você pode escolher ter uma renda “vitalícia” ou receber todo o investimento em uma única parcela. Até aí tudo bem. O problema está na hipótese do investidor precisar retirar os recursos antes do fim da carência do plano. Por exemplo, se no momento da contratação do plano o investidor tiver optado pela tabela regressiva, o resgate dos recursos antes do tempo pode custar caro, já que até o sexto ano de investimento as alíquotas de IR da tabela regressiva são mais altas do que a maior alíquota da tabela regressiva de outros investimentos, como por exemplo, dos fundos de investimento comuns. A tal flexibilidade na hora do resgate não é o que se pode chamar de vantagem, até por que, além dos custos, o investidor passará muitos anos com seus recursos engessados, sem poder aproveitar as muitas oportunidades que certamente surgirão ao longo dos anos.

Investimento de baixo risco – não é bem assim. De todas as “vantagens” apresentadas, esta certamente não é uma delas. No caso da seguradora ou entidade de previdência complementar em que você possui o seu plano falir, ao contrario de outros investimentos como LCI, LC, LCA e CDB, os valores lá depositados não são garantidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

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Definitivamente, Planos de Previdência Privada só são financeiramente vantajosos para o banco/seguradora. Existem opções de investimentos mais interessantes do que a Previdência Privada. Prefira investir no Tesouro Direto IPCA+ ou Prefixado, aproveite para investir em LCI e LCA enquanto esta modalidade ainda não é tributada pelo Leão do Imposto de Renda, busque oportunidades nas Letras de Câmbio (LC) e até mesmo no CDB. Mas assim como você deve passar longe da Poupança, minha sugestão é: neste final de ano, fuja da Previdência Privada!

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