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Investir, uma questão cultural

Você deseja mudar de patamar na sua vida financeira? Quer deixar de ser um tomador de empréstimos e se tornar um investidor? Saiba que isso pode ser ao mesmo tempo simples e complicado, e com certeza exigirá de você disciplina e mudança na maneira de encarar o seu dinheiro.
Por  Edgar de Sá
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Você sabia que em países desenvolvidos, como os EUA, mais de 50% da população investe em ações, e que no Brasil este número não chega a 1%? Este fenômeno deve-se, principalmente, à inexistência de uma cultura de investimentos na vida dos brasileiros. É verdade que o Brasil teve um aumento no número de pessoas que colocam seu dinheiro em algum tipo de aplicação financeira, porém, também aumentou, na mesma proporção, o número de pessoas que investem seu dinheiro em produtos pouco rentáveis, como a poupança e os títulos de capitalização. E isso acontece conosco desde muito cedo, pois nossas escolas não nos ensinam a lidar com dinheiro. Nossos pais, na grande maioria, aprenderam com seus pais (e nos ensinam) que investimento bom e seguro é colocar o dinheiro na poupança ou, no máximo, em imóveis. Mas como a maioria dos brasileiros ainda não possui nem imóvel próprio, comprar imóvel como forma de investir fica ainda mais difícil. E aí, o que sobra? A boa (?) e velha poupança – e a poupança maquiada de loteria, que são os títulos de capitalização.

Então, como ganhar dinheiro com investimentos? Tentarei resumir em 2 pontos fundamentais:

Primeiro, cultive! Busque conhecimento. Leia jornais, revistas especializadas, livros específicos, assista palestras, faça cursos. Costumo dizer em meus cursos e palestras que “investidor sem conhecimento, é investidor com data de validade”. Porque a pessoa que investe sem conhecer está sempre propensa a investir mal, investir errado, a investir em produtos que não atendem ao seu perfil de investidor, e a perder. E quando isso acontece, ela deixa de investir e começa a fazer campanha contrária dizendo que tal investimento é ruim, que não presta. Por isso, prepare-se! E acredite, se você fizer isso, já estará à frente de grande parte das pessoas que possuem algum tipo de investimento. Você não precisa ter grandes conhecimentos técnicos, matemáticos ou estatísticos, mas precisa saber onde está pisando.

Em segundo lugar, uma boa cultura de investimentos requer disciplina. Você quer atingir sua independência financeira? Se você quer estar entre os poucos que conseguem, precisa se disciplinar, precisa abandonar a ideia da Mega-Sena, do enriquecimento rápido. Investir requer disciplina e tempo. A verdade é que qualquer um pode alcançar a tão sonhada independência financeira. Vou te mostrar como:

1. Relacione todos os rendimentos. O primeiro passo é relacionar todos os seus rendimentos (salários, comissões, aluguéis, pensão, aposentadoria etc.). Este passo é necessário para que você saiba exatamente com quanto pode contar todo mês.

  1. 2. Relacione todos os gastos. Agora, anote todos os gastos mensais (água, luz, telefone, alimentação, mesada para filhos, supermercado, academia, lazer etc.), e não se esqueça dos gastos esporádicos (presentes, seguros, IPVA, IPTU, juros do cartão, do cheque especial etc.), nem dos gastos fantasmas (o chocolate no farol, a bolsa que não estava no orçamento, a cerveja com os amigos etc.). Aqui, normalmente, é onde as pessoas percebem que estão gastando mais do que ganham.
  2. 3. Hora de analisar, eliminar e substituir as despesas. Agora é a hora de separar as despesas que realmente são necessárias daquelas que podem ser postergadas ou até mesmo descartadas. Despesas necessárias e obrigatórias como aluguel, condomínio, alimentação, transporte, educação, IPVA etc. não podem ser eliminadas, mas podem e devem ser reduzidas. Por exemplo: mude-se para um imóvel com aluguel e condomínio mais baixo, troque o carro de motor possante por um popular, no supermercado, troque as marcas famosas por outras etc., e elimine do orçamento aquelas despesas que não são essenciais para a sobrevivência da família, como TV a cabo, jornais e revistas, internet, a pizza do fim de semana, cinema etc. Você também pode deixar o carro em casa e se locomover de transporte público. Às vezes, são necessárias mudanças drásticas em nosso comportamento para que consigamos reorganizar a vida financeira. 
  3. 4. Estabeleça metas. Para não causar mudanças tão drásticas no padrão de vida da família, você pode definir prazos e ir cortando os gastos gradativamente. Mas estabeleça uma meta, um prazo para sair do vermelho e começar a poupar. Defina objetivos de curto, médio e longo prazo.
  4. 5. Renegocie suas dívidas. Se necessário busque a ajuda de um profissional. Em algumas cidades, a Defensoria Pública auxilia na intermediação entre devedor e credor, para que haja um acordo a respeito das dívidas. Encare a situação e negocie. Se possível, troque os juros do cartão de crédito e do cheque especial pelos juros do empréstimo pessoal ou consignado, que são mais baixos. Cancele todos os cartões de crédito, limites de cheque especial, títulos de capitalização etc. Procure seu banco e exponha suas reais condições. Seu gerente certamente o ajudará a não ficar devedor com a instituição ou ajudará a negociar a dívida.
  5. 6. Mantenha o controle. Quando perguntamos a alguém se ela se planeja financeiramente, a maior parte das pessoas responde que sim, que possuem uma planilha onde anotam seus gastos. Mas planejamento financeiro vai muito além disso, este é só o começo. Planejamento financeiro envolve administrar renda, investimentos e despesas.

Embora a maioria desses passos seja aparentemente muito óbvio e simples, acredite, eles exigem uma mudança de comportamento radical, porém, em pouco tempo você perceberá que eles se tornarão naturais em seu dia-a-dia e você colherá os frutos do aprendizado e da disciplina financeira.

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