Universitário: confira dicas de como encarar o trabalho de conclusão de curso

TCC reproduz o que acontece nas empresas, com direito à competição e às dificuldades do trabalho em equipe

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – No ano passado, as estudantes de Design de Moda do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, Mariana Fernandes e Penha Maia, idealizaram um trabalho de conclusão de curso sobre o compositor Heitor Villa-Lobos.

Inspiradas em sua obra, principalmente “Bachianas Brasileiras n° 5” e “A Floresta do Amazonas”, elas criaram dez peças conceituais (roupas de passarela, que não são usadas no dia-a-dia) e 60 peças para venda. Foi um ano inteiro de sacrifício, contenção de gastos e dedicação em tempo integral. Os passeios do fim de semana foram substituídos por filmes e livros sobre o Villa-Lobos e idas a concertos.

“Nos apaixonamos pelo tema e entramos em sua essência. Fizemos muita pesquisa”, conta Penha. O resultado? O trabalho de conclusão de curso da dupla ficou, durante 30 dias, exposto na Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos.

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TCC não é um bicho de sete cabeças

TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), TGI (Trabalho de Graduação Interdisciplinar), TFG (Trabalho Final de Graduação). Não importa o nome, estamos falando do mesmo trabalho final, necessário para concluir a faculdade.

Para o supervisor acadêmico do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, Alexandre Estolano, o trabalho de conclusão de curso reproduz a vida real, ou seja, o que acontece nas empresas, com direito à competição e às dificuldades próprias do trabalho em equipe.

Na opinião da estudante de Relações Públicas Renata Banduki, trata-se do primeiro trabalho profissional. “A diferença é que podemos errar”, avalia. “Eu não encaro o TCC como se fosse mais um trabalho universitário, igual aos outros que fizemos ao longo da faculdade. Mas tem gente que o enxerga como uma obrigação para se formar, apenas, e não como uma porta de entrada para o mercado de trabalho”.

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Levar o trabalho a sério pode ser gratificante

Mariana e Penha, que se formaram em dezembro do ano passado, levaram o trabalho a sério. Tanto que, além da exposição, conseguiram vender muitas das peças criadas e tiveram retorno do que investiram.

“Desde o início, enxergamos o TCC como um trabalho profissional e queríamos dar continuidade a ele, por meio da exposição. Além disso, aproveitamos a chance para aprender coisas novas. Por exemplo, tivemos que criar sapatos e essa era uma área que nunca tínhamos explorado. Descobrimos que é uma área fascinante”.

Espante as brigas

O grupo de Renata, formado por cinco pessoas, começou o trabalho de conclusão de curso neste semestre. E já brigaram. “Já tivemos divergências, é inevitável, principalmente porque a gente acaba convivendo demais e toda convivência é difícil”. A solução foi dialogar muito. “Terminamos este semestre rindo de nossas brigas”.

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Para ela, o segredo está em não escolher o grupo pelo grau de amizade. Prefira trabalhar com pessoas com as quais se identifique profissionalmente, ainda que elas não sejam muito suas amigas. “Pelos últimos dois anos, fiz trabalhos com este mesmo grupo. São pessoas que têm opiniões parecidas com as minhas. Fazer trabalho com quem pensa totalmente diferente de você é complicado. Acredito que, desde já, temos que aprender a separar o pessoal do profissional”, garante a estudante.

Penha lembra que decidiu fazer o trabalho com a amiga Mariana porque se identificava muito com ela. “Tínhamos os mesmos gostos e a mesma sinergia. Durante todo o ano, trabalhamos em harmonia. Passávamos a madrugada trabalhando e abrimos mão dos finais de semana, mas não brigamos. A parceria deu tão certo que continuamos a trabalhar juntas, criamos um blog para expor nosso trabalho [http://www.moda-arte.blogspot.com/] e temos intenção de abrir uma agência própria”.

Estolano enfatiza que, quando há brigas, o orientador pode se tornar um mediador de conflitos. “Às vezes, o orientador atua como um mentor ou coach”, explica. Portanto, a recomendação é: se houver um desentendimento no grupo difícil de solucionar, converse com seu orientador. “Se estiver realmente com um problema, pode se fazer valer da experiência do professor”.

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Orçamento

Mesmo levando em conta as peculiaridades de cada curso, quase todos os trabalhos finais demandam um investimento alto. Gastos com gráfica, por exemplo, são inevitáveis. Por conta disso, o ideal é que o grupo se planeje desde o início. Renata conta que seu grupo pesquisou o quanto se gasta em um trabalho de Relações Públicas, junto a alunos de outras universidades.

“Descobrimos que um grupo da Cásper Líbero investiu R$ 2,5 mil e tomamos esse valor por base. Mas imaginamos que R$ 2,5 mil seja o teto. De qualquer maneira, estamos economizando e nos preparando desde já”, revela.

Para Penha e Mariana, a situação financeira foi complicada. Como elas sabiam desde o início que iriam gastar muito, tomaram cuidado extra com o desperdício e usaram todo o material que compraram. “Pesquisamos os melhores preços nas lojas de tecidos. Por fim, conseguimos comprar tecido nobre, de qualidade, por meio da empresa onde Mariana trabalhava. As empresas, que compram em grande volume, têm maior poder de barganha do que as pessoas físicas”.

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“Foi uma época de contenção de gastos. Deixamos de sair, pois tirávamos tudo do nosso salário. Fizemos uma planilha de gastos e tomávamos cuidado para não desperdiçar materiais. Nada se perdeu. Um retalho se transformava em uma flor. Além disso, procuramos patrocínio e empresas que topassem nos ajudar a um preço acessível. Por exemplo, os sapatos eram muito caros de produzir. No fim, encontramos um ateliê que cobrou R$ 80 por cada par”, conta.

Plágio

A última recomendação é: nunca copie outros trabalhos e textos prontos da internet. A cópia de um trecho, ainda que pequeno, é crime. “A apropriação de trabalhos alheios é contra lei e fazer isso causa um impacto negativo na vida profissional. Quem copia textos é reprovado [no trabalho de conclusão de curso] e advertido”, explica Estolano, do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.