Superdotados: como eles são vistos e o que enfrentam no mercado de trabalho

Estes profissionais reúnem características supervalorizadas pelas empresas, mas isso não garante sucesso na carreira

Flávia Furlan Nunes

Publicidade

SÃO PAULO – Pessoas superdotadas unem grandes características valorizadas no mercado de trabalho, mas que não são garantias de sucesso na carreira.

Elas têm uma capacidade acima da média, o que significa que se destacam das demais pessoas da mesma faixa etária em alguma área da inteligência (emocional, esportiva, intelectual, entre outros). Além disso, possuem alto nível de criatividade, grande exigência num mercado de trabalho tão competitivo. Por último, mas não menos importante, elas têm comprometimento exacerbado: se envolvem muito com a área em que têm destaque.

Senso de humor refinado, preocupação demasiada com o próximo, dentre outras características positivas também podem ser atribuídas a essas pessoas. “Elas atuam em qualquer área do mercado de trabalho, são advogados, desenvolvedores de softwares e etc. Porém, elas não necessariamente trabalham na área que têm destaque, porque não tiveram oportunidade”, afirma a presidente do ConBraSD (Conselho Brasileiro para a Superdotação), Suzana Graciela Pérez Barrera Pérez. “O sucesso está ligado a oportunidades e sorte”, completa.

Masterclass

O Poder da Renda Fixa Turbo

Aprenda na prática como aumentar o seu patrimônio com rentabilidade, simplicidade e segurança (e ainda ganhe 02 presentes do InfoMoney)

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Desafios no ambiente de trabalho

Por sua inteligência excepcional, seja em qual área for, essas pessoas podem vir a ter problemas no ambiente de trabalho, dependendo de como a empresa percebe esta alta habilidade.

“Conheci um adulto que era superdotado e, para não ser mal visto pelos colegas, quando a empresa tinha um problema, ele escrevia um bilhete para o chefe com a solução. O chefe não se sentia mal e ele não ficava indisposto com os colegas. Muitas pessoas ficam com inveja por não conseguir fazer o que ele (superdotado) faz”, afirma Suzana.

O problema no ambiente de trabalho pode se agravar se o próprio chefe se sente ameaçado por esta pessoa. “O que eles se queixam é que os chefes não permitem que eles vão além. O trabalho é muito rotineiro e pode ser desmotivador. Ele acaba trocando de emprego”.

Continua depois da publicidade

Outro agravante é a personalidade do superdotado, algo que independe de suas capacidades excepcionais. “Podemos ter um excelente escritor, mas péssimo em lidar com pessoas”. Depende, ainda, da educação que foi dada a esta pessoa. Suzana explica que existem famílias que colocam para a pessoa que ela não é melhor porque tem alta habilidade. Outras, por sua vez, valorizam e criam expectativas sobre o superdotado. Ele, então, se torna perfeccionista e difícil de lidar.

Mercado de trabalho

De acordo com Suzana, algumas áreas do mercado de trabalho já estão valorizando os superdotados, mesmo que não percebam isso e embora ainda sejam uma minoria, como as empresas de tecnologia, que precisam de criatividade para sobreviver.

Existem também iniciativas privadas bastante interessantes que têm como foco o superdotado. “Um bom exemplo é uma empresa do Rio de Janeiro que está pleiteando junto ao sindicato auxílio financeiro para funcionário que tem filho com alta habilidade. Desta forma, o funcionário fica na empresa”, afirma a presidente do conselho.

Continua depois da publicidade

Como identificá-lo?

Desde a infância, é possível identificar uma pessoa superdotada. “A família normalmente percebe isso. Se tem inteligência intelectual mais forte, ela tem interesses diferenciados das outras crianças e aprende a ler e escrever antes do tempo. Tem facilidade para cantar em outros tons, se for na área da música. Caminha antes do tempo, se for área corporal”.

Para identificar uma pessoa com alta habilidade, a presidente do conselho não indica apenas o teste para QI (Coeficiente de Inteligência), já que ele só privilegia a área da inteligência intelectual. “Podemos ter um cientista brilhante, mas que não vai bem em testes”. O conselho faz diversos tipos de avaliações e, ainda, acompanhamento da pessoa tida como superdotada.