Professor de Stanford fala sobre percepções erradas da origem do sucesso

"Não existe comprovação da vantagem de dar o primeiro passo. Isso não garante sucesso", diz Jeffrey Pfeffer

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – “Sempre vemos percepções erradas sobre a origem do sucesso das empresas e dos países”. Foi dessa forma que o professor de Business Administration da Stanford University, Jeffrey Pfeffer, iniciou sua palestra durante o Fórum Mundial de Liderança e Alta Performance, organizado pela HSM.

De acordo com ele, uma percepção errada é a de que é importante ser o primeiro a ter uma ideia. “Não existe nenhuma comprovação da vantagem de dar o primeiro passo. Isso não garante sucesso”, disse.

E exemplos não faltaram para o professor, que citou que a Amazon.com foi a quarta empresa a começar a vender livros online e hoje lidera o mercado, enquanto a Xerox, por incrível que pareça, inventou o primeiro microcomputador.

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Outras teses falsas

Atuar no setor certo também não é garantia de sucesso. Ele citou um estudo feito pela Booz Allen com 1,8 mil empresas, que mostrou que as taxas de crescimento de um setor não têm relação com a capacidade de uma empresa criar valor para os acionistas ao longo de um período de dez anos. “Por isso, melhor ser empresa boa em setor ruim do que ser empresa ruim em um setor bom”.

Mas, se estar num setor bom não importa, será que o caminho para o sucesso é ser “grande”? A resposta do professor é não, já que uma pesquisa realizada pela Value Line mostrou que, em 44% dos setores analisados, existe uma correlação negativa entre o tamanho da empresa e os índices de lucratividade.

“Lucro não tem relação com tamanho”, disse ele, citando o fato de hoje a Toyota não ser tão grande quanto a General Motors, mas ser muito mais lucrativa. Em relação às fusões feitas, em busca de grandeza e, consequentemente, sucesso, ele afirmou que, em média, os efeitos negativos dessas junções aparecem em um mês e permanecem.

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A importância das pessoas

Segundo Pfeffer, muitas empresas diminuem os custos com mão-de-obra, partindo inclusive para demissões, na busca por obtenção de lucros. “As pessoas são mais importantes, mas as empresas estão demitindo nessa crise”, explicou ele.

De acordo com o que a realidade se encarregou de mostrar, a realidade é que a redução de custos e as demissões não aumentam a produtividade das empresas. Pfeffer disse que, em muitos casos, as demissões não chegam nem a reduzir os custos.

Um outro efeito que prejudica as empresas é o de demitir e depois recontratar os mesmos profissionais. Pesquisa realizada com 720 empresas verificou que um terço delas tinha recontratado os funcionários despedidos, seja como mão-de-obra temporária ou terceirizada. Com frequência, são as pessoas erradas, já que os profissionais bons vão embora.

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Esse tipo de prática abate o ânimo e aumenta o temor dos funcionários. Ela ainda prejudica a inovação, pois rompe as redes sociais de relacionamento necessárias para desenvolver coisas novas e para desenvolver e lançar novos produtos e serviços no mercado.

“O determinante no sucesso é como administrar o seu pessoal, o que tem efeito de até 40% na produtividade”.