CFA: certificado “padrão-ouro” no mercado financeiro; veja como funciona

Presidente da CFA Society Brazil afirma que o nível de exigência do teste é muito alto, e a taxa de aprovação final não chega a 10%

Viviam Klanfer Nunes

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SÃO PAULO – Há alguns anos, o mercado financeiro se tornou um campo muito interessante para economistas, engenheiros e administradores. Mas, como em qualquer outra área, alguns títulos podem pesar no currículo do profissional, e, neste caso, o CFA (Chartered Financial Analyst) é um deles.

O CFA é uma certificação muito cobiçada, vale no mundo todo e é vista por muitos como uma pós-graduação na área financeira. De acordo com o presidente da CFA Society Brazil, Luis Fernando Affonso, essa é a principal certificação do mercado financeiro, “o padrão-ouro das certificações”.

O certificado tem grande peso no currículo de analistas de banco de investimento e gestores de fundos, por exemplo. Muitos bancos de investimento estrangeiros que estão no Brasil dão grande valor ao certificado, tendência que deve contaminar as demais instituições do mercado financeiro, à medida que o Brasil se internacionaliza.

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As dificuldades
Mas obter o certificado não é tão simples. Para o gestor da Inva Capital, Luiz Pacheco, que foi aprovado na primeira etapa do processo, o teste Nível I, em 2010, “a prova não é difícil, o maior problema é que tem muito conteúdo”.

O fundador da FK Partners, que oferece cursos de preparação para o CFA no Brasil, Clay Hamlin, lista algumas das maiores dificuldades dos brasileiros. Ele começa concordando com Pacheco sobre o volume de conteúdo e afirma que estudar apenas durantes as aulas dos cursos dificilmente vai garantir a aprovação.

Para cada hora de estudo em um curso, é preciso mais duas horas de dedicação individual. Para Hamlin, que tirou o CFA em 2003, organização e disciplina também são importantes. Deve-se evitar mudanças de trabalho, problemas de ordem pessoal e inclusive abdicar de momentos de lazer aos finais de semana.

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Mas os retornos serão visíveis. Pacheco, por exemplo, se propôs a estudar para o CFA porque, à época, tinha intenção de seguir carreira internacional no mercado financeiro. Ele acredita que, com o certificado, é mais fácil conseguir emprego, principalmente porque “mostra que você se dedicou, que estudou durante muito tempo”.

Hamlin concorda, explicando que, aos olhos dos empregadores, “o CFA atesta que o profissional tem grande conhecimento dos assuntos financeiros e que é um tipo de pessoa esforçada e dedicada”.

Padrão internacional
O CFA chegou ao Brasil no final da década de 1990 e atualmente, segundo Affonso, cerca de 450 profissionais possuem o certificado no País. A perspectiva, porém, é que esse número cresça bastante nos próximos anos, acompanhando a internacionalização dos bancos no Brasil. Como medida de comparação, só em Nova York, mais de 10.000 profissionais já possuem o CFA.

Um dos aspectos interessantes do certificado é seu padrão internacional. “A prova é exatamente a mesma no mundo inteiro, além de ser aplicada praticamente ao mesmo tempo em todos os paises”, explica Affonso. Isso, de certa forma, nivela os profissionais no mundo todo, ou seja, independentemente da faculdade que o profissional cursou, tendo o certificado do CFA, ele está em pé de igualdade com profissionais de qualquer parte do mundo.

Logo, se o profissional brasileiro está em busca de uma posição no mercado financeiro na Europa ou nos Estados Unidos, por exemplo, tendo o CFA, ele será visto com grande valor. “O certificado mostra que ele se esforçou e que fala a língua do mercado financeiro”, pontua Affonso.

Como é a prova?
Ao obter o CFA, o profissional será reconhecido pelo mercado, mas isso terá um preço. As provas são extremamente exigentes e a taxa final de aprovação não chega a 10%. Para obter o CFA, o interessado deverá ser aprovado em três exames, passando pelo níveis I, II e III, todos feitos em língua inglesa, exclusivamente. De acordo com Affonso, todo ano, são cerca de 1.400 inscritos paras as provas, (contando todos os níveis) e o índice de aprovação não chega a 40%.

No Nível I, o candidato faz uma prova de múltipla escolha com 250 questões, para serem respondidas em seis horas, no máximo. No teste de Nível II são 120 questões, 60 para serem respondidas na parte da manhã e as demais, na parte da tarde. Nesta etapa, a complexidade do teste é maior, pois serão apresentados casos e, a respeito deles, o candidato deverá responder algumas questões.

Por fim, o teste de Nível III é mesclado, contendo questões de múltipla escolha e dissertativas, também com seis horas de duração. Affonso lembra que, caso o candidato passe na prova de Nível I, ele não recebe nenhum tipo de certificado parcial. Para cada prova, é recomendável cerca de 300 horas de estudo, ou seja, de cinco a seis meses para quem está trabalhando.

Além de ser aprovado nas três provas, o candidato precisa ter pelo menos quatro anos de experiência no mercado financeiro. De acordo com Affonso, obter esse certificado leva cerca de três a quatro anos. As provas são feitas em junho ou dezembro, custando cerca de US$ 1.000 cada etapa.

Sobre o conteúdo da prova, Affonso explica que “é uma prova bem abrangente, como um minivestibular, há desde questões mais básicas, como matemática financeira e estatística, até teoria de portfólio”. O interessado deve saber sobre todas as questões do mercado financeiro, desde investimento em imóveis até derivativos de moeda. O foco, explica Affonso, será nas questões mais demandadas pelo mercado, como análise de portfólio e gestão de ativos, por exemplo.

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