Negociações salariais devem ser mais difíceis em 2003

Apesar da desaceleração da inflação mensal, variação acumulada está em alta; Dieese acredita que reajustes sejam concedidos após a data base

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Nesta quarta-feira o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos) divulgou que, no ano passado, cerca de 54,7% das 499 categorias profissionais analisadas pela entidade conseguiu obter um reajuste pelo menos equivalente à variação do IPCA.

Na visão do Dieese esta situação tende a piorar em 2003, isto porque a combinação de altas taxas de desemprego com fraco crescimento econômico devem limitar o espaço para as negociações. Especialmente porque os empresários devem alegar que a tendência da inflação é de queda.

Inflação mensal desacelera, mas acumulado segue em alta

O grande problema na visão do Dieese é que apesar da inflação estar em queda, pelo menos na primeira metade do ano, a variação acumulada dos últimos 12 meses, que é usada na determinação do patamar de reajuste dos salários, estará em alta.

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Exatamente por isto, o representante do Dieese, Wilson Amorin, as negociações das categorias, que têm data base no primeiro semestre devem ser as mais difíceis.

Para ilustrar sua afirmação, Amorin lembra que a variação acumulada do IPCA nos últimos 12 meses terminados em fevereiro deste ano é de 15,85%, acima, portanto, daquela registrada no final de janeiro que era de 14,47%. Mas se as projeções do Banco Central se confirmarem e o IPCA de março ficar em 0,90%, então a variação 12 meses terminados em março subirá para 16,2%.

Reajustes devem ser concedidos após data base

Assim sendo, o Dieese acredita que na segunda metade do ano, as categorias profissionais peçam um reajuste entre 15% e 16%, mas para isto será preciso negociar muito.

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Amorin acredita que a combinação de um cenário de fraco crescimento econômico, sobretudo se, devido ao conflito militar no Oriente Médio, o Banco Central optar por elevar novamente os juros, e por um crescimento do desemprego, deve contribuir para dificultar ainda mais as negociações. Exatamente por isto ele acredita que seja
bastante provável que os reajustes sejam concedidos após a data base.

Apesar da maioria das categorias ter data base na primeira metade do ano, as mais importantes, como os bancários, petroleiros e metalúrgicos, acontecem somente na segunda metade do ano.