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SÃO PAULO – Segundo pesquisa realizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgada nesta sexta-feira (17), as mulheres brasileiras têm menos facilidade de colocação no mercado de trabalho, e quando conseguem, têm renda mediana inferior à dos homens.
Isso porque, no ano de 2005, o nível de ocupação entre os brasileiros era de 66,7% para brancos e 64,8% entre os negros, percentuais muito maiores do que os analisados entre as mulheres, de 43,9% para brancas e 40,1% para negras.
Renda
Além de menor colocação no mercado de trabalho, quando conseguem emprego, o salário delas ainda é mais baixo. Entre as negras, a mediana de rendimentos (valor máximo pago à metade da população que está no mercado de trabalho) era de R$ 302, enquanto entre as brancas era de R$ 403. Já os homens brancos ganhavam R$ 605, e os negros, R$ 383, em 2005.
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A pesquisa ainda compara os salários pagos no Brasil entre os anos de 1992 e 2005. Apesar de terem rendimentos menores, os negros apresentaram aumento mais significativo, de 18,4% entre as mulheres e de 25% entre homens. Já os brancos tiveram acréscimo de 7,8% nos salários e as brancas, de 12,9%.
Brancas ganham mais que negras
Os dados mostram que as brasileiras brancas ganham 25% a mais que as negras. No entanto, segundo a ministra Matilde Ribeiro (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Social), as negras tendem a estudar mais.
“As mulheres negras, ao longo das décadas, vêm conquistando uma ampliação da quantidade de anos de estudo, mas não estão recebendo maiores salários e se colocando em condições melhores no mercado”, disse Matilde.
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Discriminação racial
De acordo com a representante da OIT, Solange Sanches, a discriminação racial pode ser explicação para as diferenças de acesso ao mercado de trabalho e de rendimentos entre brancos e negros. “A escolaridade para a população negra não tem o mesmo valor no mercado de trabalho do que para a população branca. A remuneração não se iguala com a de brancos quando há qualificação de negros”.
Já a diretora do escritório da OIT no Brasil, Laís Abramo, disse que a desigualdade racial tem raízes históricas. “Infelizmente, as desigualdades são reproduzidas cotidianamente através de processos e mecanismos de discriminação que ainda estão presentes no mercado de trabalho e no conjunto da sociedade brasileira”.