Moisés Naím diz que Brasil precisa de um “Mark Zuckerberg brasileiro”

Em sua coluna no Financial Times, Naím critica a burocracia brasileira para empresas contratarem profissionais estrangeiros

Luiza Belloni Veronesi

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SÃO PAULO – Nesta sexta-feira (24), o colunista e escritor Moisés Naím afirmou em sua coluna no Financial Times que o Brasil precisa fazer uma reforma migratória caso pretenda se consolidar como uma das maiores potências mundiais. Segundo ele, o motivo é a falta de profissionais qualificados formados no País, que não suprem a demanda das empresas.

No texto, Naím diz que o País precisa de um “Mark Zuckerberg brasileiro”, em tradução livre. O escritor não se referia ao negócio, mas ao posicionamento político do empreendedor. Em abril deste ano, o Fundador e CEO (Chief Executive Officer) do Facebook lançou oficialmente um grupo político que visa reformular a política de imigração, entre outras causas. O esforço do grupo chamado Fwd.us é facilitar a contratação de estrangeiros em empresas norte-americanas.

“O Brasil também precisa de uma grande reforma imigratória – com urgência”, disse Moisés. Ele afirma que, em uma visita recente ao País, constatou a falta de profissionais qualificados em empresas, o que é, em sua opinião, um grande obstáculo à sua expansão.

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“Tive a oportunidade de falar com alguns empresários e todos disseram que, apesar da desaceleração econômica, altos impostos, má infraestrutura e a burocracia, planejam fazer investimentos significativos”, disse Moisés. “Mas, todos eles apontaram a falta de profissionais qualificados como o principal motivo para reduzir suas metas de crescimento e planos de investimentos”.

Naím ainda conta que um desses executivos, que não quis se identificar, culpou as universidades brasileiras pela falta de profissionais qualificados no mercado. “As universidades locais não estão formando profissionais qualificados nas quantidades e habilidades que precisamos. Nós sempre competimos com outras grandes empresas para caçar talentos. Enquanto isso, as leis e a burocracia fazem com que profissionais estrangeiros se tornem muito caros”, disse o executivo.

Burocracia
Naím disse em seu artigo que o Brasil, historicamente, tem uma das menores populações de imigrantes do mundo, com uma parcela de 0,3% da população total do País. Na América Latina, essa média é de 1,5%, enquanto nos Estados Unidos, o índice é de 15%.

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“Ironicamente, ao mesmo tempo em que o Brasil sofre uma escassez de profissionais qualificados, que prejudica o crescimento da empresa, em outros países, sobram engenheiros experientes, cientistas, gestores de tecnologia da informação, contabilistas, entre outros”, ressaltou o colunista.