Médico de São Paulo possui três empregos e trabalha 52 horas por semana

"Provavelmente, o índice de desemprego na medicina deve ser muito pequeno", comenta conselheiro do Cremesp

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) apresentou na quinta-feira (31) um estudo inédito sobre o trabalho dos médicos paulistas, realizado pelo Datafolha Instituto de Pesquisas. A principal conclusão foi que, em média, cada médico possui três empregos, e 32% deles têm quatro ou mais locais de trabalho.

Aliás, eles trabalham muito. Por semana, cada médico cumpre uma carga horária de 52 horas, sendo que quase um terço (30%) possui carga horária semanal superior a 60 horas.

A pesquisa ainda revelou que o SUS (Sistema Único de Saúde) é o principal empregador de médicos no Estado. Entre o total de profissionais, 51% trabalham em hospitais públicos, 44%, em particulares e 40%, em consultórios. Os médicos mais jovens são os que mais trabalham em hospitais públicos, uma vez que 76% daqueles com até 29 anos trabalham no SUS. Já mais da metade (55%) presta serviços a planos de saúde privados.

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Análise

O conselheiro do Cremesp, Reinaldo Ayer de Oliveira, afirmou que o estudo é importante para a sociedade, para os planos de saúde, governo e faculdades de medicina.

“Em primeiro lugar, deve ser observado que o Conselho vem formando um banco de dados muito rico sobre os médicos, que permitem compreender o universo da profissão. Essa pesquisa em questão é eminentemente descritiva, mas agora iremos trabalhar com instituições como o Enade e a FGV para comparar com outros segmentos do mercado de trabalho, interpretar os dados e concluir, por exemplo, se é normal ter três empregos.”

“Uma conclusão que de fato pode ser tirada é a de que, provavelmente, o índice de desemprego na medicina deve ser muito pequeno”, opina. “Outra tendência observada nas pesquisas é o da feminilização do setor. Em 2006, a quantidade de mulheres inscritas na Cremesp foi superior à de homens. A gente tem mesmo observado o predomínio de mulheres nas salas de aulas das faculdades.”

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Salário

Se forem considerados todos os empregos de cada médico, o ganho mensal para 26% dos médicos ficou entre R$ 3 mil e R$ 6 mil, enquanto 19% ganham entre R$ 6 mil e R$ 9 mil. Os novatos no mercado e as mulheres são os que possuem salários mais baixos. Um terço dos jovens recebe até R$ 3 mil, enquanto a maioria das mulheres ganha no máximo R$ 6 mil.

Por cada consulta particular, os médicos declararam cobrar R$ 145. Porém, pelos planos de saúde, esse valor cai para R$ 30. Entretanto, os profissionais disseram que possuem um gasto médio de R$ 2,5 mil para manter suas atividades profissionais, levando em conta todas as despesas, inclusive com manutenção do consultório, transporte, estacionamento, alimentação, atualização profissional e impostos.

Qualidade de vida

Seis em cada dez médicos de São Paulo (61%) afirmaram estar satisfeitos com a profissão e 10% afirmaram que não estão felizes. Porém, 29% relataram não se sentirem “nem satisfeitos, nem insatisfeitos”. Vocação e boa remuneração são as principais razões da satisfação. Os motivos opostos foram a baixa remuneração, a jornada de trabalho e as condições inadequadas de trabalho. Os profissionais definem a profissão com menções variadas: “ótima profissão”, “gratificante”, “árdua” e “estressante”.

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O levantamento se aprofundou em detalhes da profissão. Por exemplo, concluiu-se que 44% dos médicos estimam gastar de uma a duas horas, ou até mais, nos deslocamentos entre a casa e os trabalhos, sendo que 63% dos vínculos de trabalho estão localizados na própria cidade de residência do profissional.

Além disso, verificou-se que 38% dos médicos já possuem registro de pessoa jurídica, exigência freqüente de empregadores e planos de saúde. Em relação às seguradoras, 55% deles atendem paciente por plano de saúde ou convênio médico. Dentro desse grupo, 43% afirmaram ter sofrido ou sofrer “algum tipo de restrição ou imposição das operadoras de plano de saúde”. Além disso, a grande maioria (82%) citou dificuldades com a autorização de consultas, internações, exames, procedimentos e insumos.