IPOs movimentam mercado de trabalho e exigem profissionais qualificados

Os processos de abertura de capital fazem as empresas requererem profissionais das áreas financeira, contábil e de direito

Camila F. de Mendonça

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SÃO PAULO – A aposta do mercado é que 2011 será um ano de muitos IPOs (oferta pública inicial). E não são só a Bolsa, as empresas e os investidores que podem ganhar com isso. Esse tipo de processo também gera uma intensa movimentação no mercado de trabalho, com grande demanda de profissionais altamente qualificados.

Para abrir capital, as empresas precisam organizar a casa e apresentar uma estrutura mais transparente. Com isso, elas passam a necessitar de profissionais de diversas áreas. Sem contar que, após a abertura, a empresa passa a investir mais em mão de obra qualificada para se tornar mais eficiente e chamar a atenção dos investidores.

“Quando se abre capital, a pressão por resultados é muito maior”, afirma o professor do Insper, Ricardo Almeida. “É notável que os funcionários das empresas abertas buscam mais qualificação”, completa. O professor explica que um IPO exige muito da empresa. “Ele força as empresas a terem uma maior transparência”.

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Embora Almeida não acredite em um “boom” de IPOs para este ano, ele explica que a demanda por profissionais específicos nesses processos de fato é alta. Já o diretor de operações da Robert Half no Rio de Janeiro, William Monteath, acredita em aumentos recordes para este ano. “O número de ofertas vai bater recorde, superando o de 2007”, diz. Para ele, as áreas de infraestrutura, petróleo e gás serão as mais beneficiadas.

Diversas áreas, um foco
Em linhas gerais, para abrir capital, as empresas demandam profissionais da área financeira, de contabilidade e direito, como os controllers com conhecimento das normas internacionais e de impostos, auditores, que dão transparência ao processo, advogados especialistas em mercados de capitais e profissionais de relação com investidores.

Esse último, na avaliação dos especialistas, é um dos que mais são requisitados pelas empresas. “É ele quem faz a comunicação das informações para os investidores”, explica Monteath. Por isso, esses profissionais acabam sendo estratégicos. “Ele tem que entender de finanças e de comunicação com o acionista e tem de saber a melhor maneira de comunicar as coisas”, explica Almeida.

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Em todas as áreas, a alta especialização e fluência em outras línguas não são diferenciais, mas pré-requisitos. “Como a empresa fica mais internacionalizada, ele tem que ter especialização”, considera Monteath. Ele reforça que, em casos bem sucedidos, a abertura de capital imprime uma gestão mais profissional às empresas – o que faz com que elas demandem talentos muito qualificados.

Independentemente da área de atuação, os profissionais que estão envolvidos nesse processo têm em comum o cuidado com os detalhes. “Como o processo é delicado, eles não podem errar em nada. Eles precisam ser detalhistas e ter uma visão do todo”, reforça Monteath.

Gargalos
Para quem tem o perfil altamente especializado exigido em processos de abertura de capital, o mercado está favorável, mesmo porque, embora a demanda seja cada vez maior, faltam profissionais desse nível, acreditam os especialistas consultados. “O problema desse mercado é experiência”, acredita Almeida.

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O professor do Insper explica que, para atuar em processos de IPO, além da qualificação, os profissionais devem ter experiência sólida. “Para lidar com o investidor, experiência é fundamental”, afirma.