“Super-ricos” do Brasil estão 9,6% menos ricos

Oscilações cambiais e crise econômica diminuem patrimônio da população mais rica do país  

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Embora seja o décimo quarto país com maior população de super-ricos no mundo, o Brasil viu a soma do dinheiro dessas pessoas cair 9,6% com relação a 2016, de acordo com o relatório mais recente da Wealth-X. Isso ocorreu, basicamente, por dois fatores principais: a crise e as oscilações cambiais.

De acordo com a pesquisa, há hoje 3.570 pessoas com patrimônio líquido ultra-alto (UHNW, na sigla em inglês) no país. Isso significa uma queda de 1,1% com relação ao ano passado. Juntas, essas pessoas possuem US$ 451 bilhões, valor 9,6% inferior à riqueza dos ultrarricos brasileiros de 2016. Pela definição do instituto, pessoas super-ricas são aquelas cujas fortunas ultrapassam US$ 30 milhões.

A turbulência política e duas de suas consequências – fuga de investidores estrangeiros e desvalorização do real – são as principais razões para a queda, de acordo com o relatório. Outros países que sofreram com a desvalorização de suas moedas foram Reino Unido, Rússia e México.

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“O risco político foi a característica definidora de 2016, contribuindo para uma sensação fortalecida de cautela em negócios e investimento, ao mesmo tempo que gerou mudanças em um sentimento de volatilidade de mercado”, escreve a análise da Wealth-X, que cita como exemplos a eleição de Donald Trump, o Brexit, tensões no Oriente Médio, tentativa de golpe na Turquia, derrota de um referendo popular na Itália, tensão anti-imigratória na UE, populismo crescente nas Filipinas e, finalmente, o impeachment no Brasil.

Quem são os super-ricos

Há 226.450 indivíduos com patrimônio superior a US$ 30 milhões no mundo. Juntas, elas possuem US$ 27,035 trilhões. Os bilionários correspondem a 2.397 pessoas, 1,05% dos super-ricos e somente 28.95 (11,8%) do total são mulheres.

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“A proporção se manteve relativamente firme nos últimos anos, ao mesmo tempo que a média patrimonial é muito semelhante para ambos os gêneros, em US$ 110 milhões para mulheres e US$ 120 milhões para homens”, escreve o relatório. Ao mesmo tempo, a maior parte das mulheres da lista receberam seu dinheiro através de uma herança, enquanto a criação de riqueza nas últimas duas décadas vem sendo dominada por riquezas construídas (self-made).

A Geração Y (ou millenial) – pessoas nascidas entre 1980 e 1995 – corresponde a apenas 3,2% da população dos super-ricos. Dentre eles, a minoria contou com heranças. “Essa proporção é prova da dificuldade em conseguir níveis substanciais de riqueza em idades relativamente jovens”, escreve o Wealth-X.

Até 2021, o instituto espera que haja cerca de 300 mil super-ricos no mundo, somando aproximadamente US$ 35 trilhões. O crescimento de participação feminina na lista deve crescer, mas lentamente.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney