Fim de carreira: do que profissionais costumam se arrepender?

Deve-se atentar à luta sem freios por status. Poucos profissionais equilibram vida profissional e pessoal

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – “Será que, no fim da minha carreira, vou poder olhar para trás e ter orgulho das minhas conquistas? Será que me sentirei completo, realizado?”. Para quem nunca pensou nessa pergunta, talvez esteja na hora de refletir. Como não dá para remediar e voltar atrás no tempo, mudar comportamentos e fazer escolhas melhores, enquanto ainda se está no começo ou no meio da carreira, é a melhor pedida.

Para início de conversa, arriscar é vital. “O sucesso e o fracasso só acontecem para quem tenta. Em nossa cultura, não somos acostumados a lidar com o fracasso. Muitas pessoas, diante de uma situação adversa, logo desistem, pois acreditam que um fracasso poderá arruinar suas vidas”, afirma o psicólogo, consultor de empresas e diretor da Persona Consultoria e Eventos, Rogerio Martins.

Esta é a primeira lição que pessoas mais velhas podem passar aos mais jovens. Quem não se arrisca corre o risco de se arrepender amargamente no fim da carreira. Por exemplo, há quem tenha o sonho de abrir o próprio negócio, mas nunca o faz. “O empreendedor é aquele que enfrenta o medo. Sabe dos riscos, mas, ainda assim, busca motivação para superar as incertezas”, garante.

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Entretanto, o consultor alerta para a importância de arriscar com segurança. “Parece incoerente, mas, até para arriscar, é possível prever o nível do risco. Para isso, é necessário ter um mínimo de planejamento. Há diversos relatos de pessoas que se arrependem de não ter feito o que queriam quando tinham tempo para isso. Os vitoriosos são aqueles que arriscam, pois, se dá certo, seguem em frente. Quando não dá certo, levantam, aprendem com os erros e tentam novamente”.

Luta sem freios por status

Deve-se atentar também à luta sem freios por status e riqueza. Poucos profissionais se esforçam para equilibrar vida profissional e pessoal. “Realizo diversos trabalhos com empresas de variados portes, lidando com executivos, administrativos e operacionais. Em todos os níveis, ainda é grande o desequilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Na verdade há uma grande preocupação, mas pouca ação efetivamente”, explica Martins. E não ver os filhos crescerem pode ser fonte de arrependimento.

Mesmo assim, há quem não se arrependa de ter deixado a vida pessoal em segundo plano em nome da carreira. Para o especialista, foco é a grande resposta para isso. “É preciso ter determinação para atingir o que se quer. A grande questão é que a grande maioria das pessoas não sabe o que quer. Por isso, poucos são afortunados. São exatamente aqueles que definiram um propósito de vida e seguiram determinados no seu objetivo. O ponto crucial é definir este objetivo, qualquer que seja”.

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E quanto a passar por cima de colegas de equipe em nome desse poder? O psicólogo admite que o mercado está cada vez mais competitivo e, na busca, às vezes desenfreada, pelo poder, há pessoas que ultrapassam os limites da ética e da convivência. “Geralmente estas pessoas estão em cargos de nível mais elevado, onde esta competitividade é maior e o reconhecimento também”, diz ele.

Dependendo da pessoa, ela poderá se arrepender. Novamente, isto está aliado aos objetivos de cada um. Se a meta é ser amado, respeitado, ter muitos amigos, é possível que se arrependa de ter agido de má-fé no trabalho. No entanto, se é apenas crescer na profissão, ganhar dinheiro e ter poder, é provável que não se arrependa. “O arrependimento varia conforme os valores de cada pessoa”, finaliza Martins. Então, o segredo está em saber o que almeja dentro de si.

Agindo com emoção

Para o professor do Ibmec e diretor da BPI no Brasil, Gilberto Guimarães, as pessoas costumam se arrepender das decisões tomadas com base nas emoções apenas. “É comum nos arrependermos de decisões que tomamos apoiados pura e simplesmente na emoção, no aqui e agora, na percepção que temos das pessoas e das situações. Às vezes, nossas percepções nos enganam. Emoção, na carreira, não é uma boa conselheira”.

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Com relação ao fracasso, Guimarães opina que somente fracassamos quando nos fixamos de forma equivocada no objetivo. “Às vezes, os objetivos são errados. Por exemplo, se o que te move é o conhecimento e a profundidade nos assuntos, talvez sua meta não deveria ser atingir um cargo executivo, e sim ser professor ou trabalhar na academia. O segredo é conhecer a si próprio, antes de mais nada”.