Estudo mostra que mulheres são menos reconhecidas por trabalhos em grupo

Publicado pela universidade de Harvard, estudo mostra que os mesmos trabalhos geram promoções para homens, mas não mudam a imagem das mulheres

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – As desigualdades de gênero no mercado não se resumem aos salários e contratações, de acordo com um estudo publicado em dezembro pela Universidade de Harvard. Elas também estão refletidas no reconhecimento por trabalhos em grupo e nas consequentes promoções.

Partindo do pressuposto de que “trabalhos de um autor só mostram um sinal claro da habilidade de uma pessoa, mas relatórios coautorais não oferecem informações específicas sobre as habilidades de cada contribuinte”, como diz o resumo do estudo “Gender Differences in Recognition for Group Work”, a publicação mostrou que, quando realizam trabalhos em grupo com mulheres, os economistas homens recebem o mesmo crédito que receberiam sozinhos. Isso faz com que eles tenham maior chance de serem promovidos; enquanto mulheres não recebem os devidos créditos.

A autoria é da doutoranda de economia Heather Sarsons, que analisou especificamente as chances de pesquisadores da mesma área serem reconhecidos efetivados em universidades através de seus estudos e produções teóricas. Como ela mesma escreve no texto de apresentação, a proposta é “uma explicação alternativa para o abismo de promoções [devido ao gênero]”.

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Com dados dos CVs de 552 economistas das 30 universidades mais relevantes em PhD dos EUA, a pesquisa demonstra que, mesmo com números iguais de trabalhos publicados, 77% dos homens foram efetivados após um período de sete anos de experiência e produção de conteúdo acadêmico, padrão na maioria das instituições do país. Para as mulheres, o número é de apenas 52%. Para determinar a qualidade dos trabalhos publicados, o estudo usa rankings das 80 principais publicações econômicas.

O que mostra o estudo é que publicar um trabalho de autoria individual aumenta as chances de contratação tanto para homens quanto para mulheres: a diferença fica clara na publicação de artigos em que trabalharam tanto homens quanto mulheres. Neste caso, o artigo aumenta as chances na mesma proporção que um individual para o homem, mas não impacta na decisão para as colegas do sexo feminino: é como se participar de um artigo em grupo fosse nulo para mulheres, ou como se elas não colaborassem em nada. “Se os empregadores potencialmente enfrentam processos por não promoverem mulheres qualificadas, eles podem promover todas as mulheres de alto desempenho que trabalham sozinhas e não promover nenhuma que trabalhe em grupo”, diz Sarsons.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney