Empresa familiar: como ter sucesso na relação com o pai e com os funcionários?

Especialista pontua principais atitudes que podem facilitar a tarefa de trabalhar na empresa do pai

Viviam Klanfer Nunes

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SÃO PAULO – A maior parte dos jovens precisa encontrar uma boa empresa aonde possam crescer e conquistar uma carreira de sucesso. Uma outra parte, bem menor, já tem essa empresa em vista, aquela criada e comandada pelos seus próprios pais.

Para os profissionais que avaliaram, refletiram e optaram por construir suas carreiras na empresa da família, vale a pena observar algumas dicas para evitar as discussões típicas de pais e filhos. E, também, para ser tratado como um profissional e não como o filho do dono pelos demais colaboradores.

Quando você é o filho do dono? – um bom momento para você se lembrar que é, sim, o filho do dono é na hora que estiver tratando de negócios com o presidente, ou seja, seu pai. Nesse momento, a diretora da Regional Interior SP da Business Partners Consulting, Viviane Gonzalez, explica que para evitar confusão com o pai o filho não deve esquecer que quem manda na empresa não é ele, mas, sim, seu pai.

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Agindo de acordo com sua função – ao assumir uma posição na empresa, o profissional deve agir de acordo com ela. Se ele é um gerente, ele é apenas o gerente. Respeitar a hierarquia vai ajudá-lo a ser aceito pelos demais membros da empresa.

Muitos especialistas recomendam, inclusive, que antes de trabalhar na empresa do pai, o jovem atue em outras companhias. Assim, ele tem contato com essa hierarquia e aprende a respeitá-la quando estiver na empresa familiar.

Quando você sai da faculdade direito para a empresa da família, você não tem muito conhecimento do mundo corporativo e pode acabar entrando em uma zona de conforto, já que terá todas as informações sobre a empresa. Porém, a carreira vai muito além disso, é preciso aprender a se relacionar com os profissionais, a apresentar resultados e a convencer as pessoas com argumentos consistentes.

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Nunca use argumentos familiares – nem sempre é fácil ganhar uma discussão. Nem sempre é fácil convencer profissionais a desenvolver suas atividades de uma ou de outra forma. O filho do dono, porém, jamais deve ser valer de argumentos familiares para tal finalidade, se quiser conquistar o respeito dos demais funcionários.

Seja o mais humilde possível – inevitavelmente, quando a pessoa é filha do dono da empresa, ela já será pré-julgada pelos empregados. Por isso a dica de ser o mais humilde possível é importante. Ser humilde já é um diferencial para todos os profissionais, mas aqueles que contam com esse vínculo familiar devem ficar mais atentos ainda a essa questão.

Concentre na atividade – pensando em construir uma carreira de sucesso e conquistar o respeito do pai e dos funcionários, o filho do dono deve seguir o mesmo caminho de qualquer profissional: apresentar resultados e adquirir conhecimento constante. A dica é trabalhar como se a empresa não fosse do seu pai.

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Formas de tratamento – seu pai é seu pai fora da empresa. Dentro dela, é mais indicado chamá-lo pelo nome. De acordo com a especialista, quando os profissionais chamam o pai de pai ou a mãe de mãe dentro da empresa isso cria um clima muito familiar, se afastando de um ambiente profissional.

Conflito de gerações – um conflito muito comum quando pais e filhos trabalham na mesma empresa é o conflito de geração. Ou seja, o pai quer que as coisas fiquem como estão e os filhos querem mudar. “O jovem volta de um MBA querendo mudar a empresa. E o pai, por sua vez, quer que as coisas fiquem como estão”, explica Viviane.

Para evitar conflitos desse tipo, vale a pena contratar uma consultoria, por exemplo. O objetivo é trazer um profissional isento, neutro, que validará as opiniões pensando no negócio. Além disso, o filho deve ter consciência que é preciso muita conversa. Impor sua opinião dificilmente vai ajudá-lo em alguma coisa, mesmo que suas ideias sejam interessantes e com muito embasamento teórico.

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Para Diego Siquelero, responsável por administrar a rede de postos de combustíveis criada por seu pai, o que o ajudou a ganhar respeito do pai e dos próprios funcionários da empresa foi seu comprometimento e dedicação com o trabalho. “As pessoas percebem que você está trabalhando e te dá crédito”, analisa.

Formado em administração de empresas, Siquelero começou com 18 anos a atuar nos postos e confessa que no começo teve alguns conflitos com o pai, “não concordava com muita coisa”. Mas, após mostrar resultados e provar que não estava ali de brincadeira, a relação ficou mais fácil.