FMU demite 220 professores e reformula grade horária sem consultar alunos

As mudanças farão com que os alunos percam o correspondente a uma aula por dia – de quatro aulas, eles passarão a ter três

Júlia Miozzo

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SÃO PAULO – Com cerca de 70 mil alunos e 9 campi em São Paulo, a FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) anunciou na última semana, através de comunicado enviado aos alunos, uma reformulação curricular e a demissão de 220 professores.

As mudanças farão com que os alunos percam o correspondente a uma aula por dia – de quatro aulas, eles passarão a ter três –, estendendo a duração do semestre para que não haja perda de carga horária. Elas entram em vigor a partir do dia 2 de agosto, quando iniciam as aulas do segundo semestre.

Entre os cursos que serão afetados com a mudança estão administração, biomedicina e enfermagem; somente os dois últimos semestres não sofrerão alteração. Direito, tecnologia em gestão de comércio exterior e tecnologia em hotelaria terão todos, menos o último semestre afetados.

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À Folha de S. Paulo, uma ex-aluna de Direito da faculdade afirmou que as aulas presenciais do curso, inteiramente presencial, passaram a acontecer somente entre segundas e quintas-feiras; as aulas de sexta-feira foram substituídas por aulas à distância.

O Procon-SP informou ao InfoMoney que não é possível assumir uma posição oficial sem ter acesso ao contrato de prestação de serviços firmado entre a Faculdade e os alunos.

Já o MEC (Ministério da Educação e Cultura) esclareceu que, de acordo com a legislação vigente, a instituição tem autonomia para alterar a grade curricular de acordo com a nova proposta pedagógica, contanto que “continuem atendendo aos padrões de qualidade verificados quando do seu credenciamento e da autorização/reconhecimento dos cursos e as Diretrizes Curriculares Nacionais de cada curso”.

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Essas mudanças, entretanto, devem ser informadas aos alunos antes de cada período letivo, tal como os programas do curso e demais componentes curriculares, duração, requisitos, qualificação dos professores, recursos disponíveis e critérios de avaliação. 

Corpo docente
Procurado, o Sinpro-SP (Sindicado dos Professores de São Paulo) informou que as mudanças têm sido comunicadas aos alunos desde a última semana de aulas, no dia 28, e que além das demissões de parte do corpo docente, os professores que permanecem na instituição sofrerão cortes de 25% a 50% do salário, consequência do corte na carga horária dos mesmos.

O sindicato pede à FMU o cancelamento da demissão dos professores e da reestruturação de grade horária e afirma que, caso não haja retratação da instituição, haverá paralisação no início do próximo semestre, quando retornam as aulas da faculdade. Já existe uma ação do sindicato a ser encaminhada apara o TRT (Tribunal Regional do Trabalho).

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O motivo da reestruturação, na visão do Sinpro, é aumento da lucratividade e redução dos custos, informou uma porta-voz .

Procurada, a FMU enviou o seguinte posicionamento: 

O Complexo Educacional FMU reafirma seu compromisso em proporcionar aos nossos estudantes uma formação acadêmica de qualidade, pautada pelas necessidades do mundo do trabalho e em total conformidade com a legislação estabelecida pelo órgão regulador do segmento, o MEC (Ministério da Educação).

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Especificamente sobre os questionamentos levantados pelo InfoMoney, a FMU informa que:

Desde que ingressou na rede de educação Laureate, a FMU viu seus índices de qualidade acadêmica evoluírem em diversos aspectos, por exemplo: IGC contínuo (Índice Geral de Cursos) evoluiu de 2,4006 (em 2013) para 2,71 (em 2015 – último dado divulgado pelo MEC). Além disso, nas avaliações in loco realizadas pelo MEC no último ano, a FMU obteve em 80% delas o conceito 4 (de uma escala de 1 a 5) e 20% conceito 3, sendo o Direito um curso com conceito 5 (máximo). Além de figurar entre as melhores instituições de ensino em rankings como o RUF (visão do empregador) e o Guia do Estudante.
 

A partir do segundo semestre de 2017 entrará em vigor a atualização do nosso modelo acadêmico para cursos das áreas Negócios, Direito e Saúde, cuidadosamente estruturado para garantir mais aderência às necessidades e desafios do mercado de trabalho, assim como proporcionar maior interdisciplinaridade e network aos seus alunos. Esse modelo acadêmico está completamente alinhado às DCNs (Diretrizes Curriculares Nacionais) do MEC e segue tendências pedagógicas já consagradas, além de fazer uso de metodologias ativas de aprendizagem, que estimulam a autonomia e o desenvolvimento do estudante. Cabe também ressaltar que as IES possuem autonomia para alterar suas matrizes curriculares desde que os cursos observem as exigências de suas DCNs. 

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A respeito do desligamento de docentes, a FMU esclarece que a cada semestre é realizado o processo de avaliação do corpo docente, obedecendo rigorosamente a legislação do SINAES (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior). A partir dessa avaliação, respondida este semestre por 75% dos alunos, juntamente com informações relacionadas à desempenho, didática e assiduidade, a IES realiza movimentações do corpo docente, se necessário, seguindo estritamente a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria.